Tive a oportunidade de acompanhar o Ceará na Copa do Brasil de 1994, quando o Alvinegro foi vice-campeão. Será possível repetir o feito? É difícil, mas possível. O Estado do Ceará precisa de um título de campeão nacional numa das duas mais importantes competições do País: a Série A e a Copa do Brasil. No Nordeste só dois clubes conseguiram. O Bahia, campeão da Taça Brasil em 1959 e Campeão da Série A em 1988, e o Sport-PE, campeão brasileiro de 1987 e campeão da Copa do Brasil em 2008. No futebol cearense, o Fortaleza foi duas vezes vice da Taça Brasil (1960 e 1968) e o Ceará foi vice da Copa do Brasil em 1994. Já está na hora de ganhar um título de campeão. Pelo modelo da Copa do Brasil, é mais fácil vencer essa competição. Prova disso é que, fora dos chamados grandes do futebol brasileiro, já conquistaram o título de campeão o Criciúma em 1991, o Juventude em 1999, o Santo André em 2004 e o Paulista em 2005. Ainda estão na disputa atual Santos, Ceará, Grêmio, Juventude, Botafogo, Cuiabá, São Paulo, Flamengo, Athletico-PR, Atlético-GO, Internacional, Bragantino, Palmeiras, Corinthians e América-MG. Se passar pelo Santos, o Ceará estará a quatro jogos da decisão.
Condições
Numa análise comparativa, vejo plenamente viável a classificação do Ceará diante do Santos. No aspecto técnico, até mesmo pelo jogo de ambos pela Série A, observou-se um equilíbrio nas formações. Só um detalhe me parece bem favorável ao Santos: o time não dá os sinais de fadiga que o Ceará Sporting apresenta. O desgaste poderá ter grande influência nessa disputa.
Privilégio
Quando a Copa do Brasil não tinha a privilegiada janela por onde entram os “bonitinhos” da Libertadores, os times médios tinham mais chance de ganhar a competição. Ora, o que é a Libertadores tem a ver com Copa do Brasil? Há aí claro interesse da CBF em privilegiar determinados segmentos.
Regulamento
A propósito, o regulamento da Copa do Brasil, que começa com 80 clubes, é ridículo. Na primeira fase, há um jogo onde o dono da casa tem que vencer. Se o mandante empatar já estará eliminado. Isso é uma aberração. Um certame nacional, da dimensão da Copa do Brasil, com uma excrescência dessa. Depois, nas oitavas de final da competição, abre a janela por onde entram os privilegiados vindos Copa da Libertadores da América.
Píluas
Observem, pois, a contradição de propósito do regulamento da Copa do Brasil. No início, a pressa desenfreada para mandar embora a metade dos participantes, o que faz numa única partida. Cartão vermelho para a metade dos clubes.
Depois, a pressa para botar para dentro da competição, justo na fase mais atraente, já nas oitavas de final, o trem da alegria que vem da Libertadores, ou seja, na maioria os grandes clubes para fazerem uma decisão de interesse da mídia.
