Estádios: a tradição e a modernidade

Legenda: O Romeirão foi reformado e será inaugurado no dia próximo dia 28
Foto: Divulgação

Novo “Romeirão”. Vi as fotos. Modernizado. Bonito. Juazeiro do Norte terá agora um equipamento de linhas arquitetônicas avançadas. Louvo os que pugnam por melhorias. Jamais iria desmerecer a obra, que segue as tendências das praças esportivas atuais no mundo todo. Até mudaram o nome de estádio para “Arena”. Ainda bem conservaram o de batismo: Mauro Sampaio. Mas o meu saudosismo é teimoso. O apego ao passado me trouxe o dissabor de ser chamado de retrógrado. Não há problema. Não me sinto ofendido. O Romeirão da minha memória é o que eu vi em 1970, quando da sua inauguração. Narrei Fortaleza 0 x 3 Cruzeiro. Nos anos seguintes, fui muitas vezes narrar jogos do Campeonato Cearense. Momentos emocionantes, inesquecíveis. Época em que conheci nomes marcantes do rádio juazeirense como Wilton Bezerra, Jussie Cunha (o pai), Boaventura, Luís Carlos e João Eudes. O velho Romeirão viveu momentos de glória. Os novos estádios têm a beleza da modernidade, mas não guardam a grandeza das épicas e memoráveis partidas. O velho Romeirão sai de cena e leva com ele cinco décadas de história. Só espero que não apaguem o que ali foi escrito durante todos esses anos.  

 

Memória 

 

Quando fazem reforma nos estádios tradicionais, mexem com meu sentimento conservador. Sou refratário. Motivo simples: vi o golpe na memória perpetrado contra o Maracanã no Rio de Janeiro e contra Wembley em Londres. Os desportistas de Milão estão resistindo às investidas dos que querem demolir o lendário Estádio San Siro.  

 

Berlim 

 

Gostaria que, nas reformas, fossem conservados alguns setores como referência ao passado. No Estádio Olímpico de Berlim, reformado para a Copa do Mundo de 2006, conservaram toda a base da construção que foi feita para a Olimpíada de 1936. Está intacta. Narrei de lá o jogo de abertura da Copa de 2006. Vendo a maquete de 1936 e o estádio de hoje, a memória venceu. 

 

Velhos amigos 

 

A propósito de reformas nos estádios, há um artigo que obrigatoriamente deve ser lido por todos os desportistas brasileiros. O título é “Dois Velhos Amigos e Uma Carta”. Está disponível no Google. É o recado do Estádio Centenário de Montevidéu no Uruguai ao Estádio Maracanã no Rio de Janeiro. O texto é um primor. A crítica do “Centenário” ao que fizeram com o Maracanã. 

 

Show 

 

Não consegui encontrar o nome do autor do artigo “Dois Velhos Amigos e Uma Carta”. A cópia me foi enviada pelo meu querido amigo Serginho Redes (Amizade). Pensei que tinha sido escrita pelo Eduardo Galeano, de quem Wilton Bezerra é grande admirador. Não foi. Se o Serginho souber o nome do autor, peço que me mande. Para quem é saudosista como eu, o texto é lindo demais.  



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