Tom Barros: Tática do morcego

Aproveitei o Carnaval para ler o livro "Futebol ao Sol e à Sombra", de autoria do jornalista e escritor uruguaio, Eduardo Galeano, livro que me foi presenteado pelo advogado Marcos Monte. Que prazer ele me proporcionou, pois Galeano, que morreu no dia 13 de abril do ano passado, foi, como Armando Nogueira, um mestre na crônica sobre temas ligados ao futebol. É um deleite ler o que ele escreveu. No trecho a respeito do moderno futebol que, para sufocar os craques, busca com muito preparo físico e extrema velocidade a redução dos espaços, Galeano lembra colocação ainda hoje válida feita pelo atacante e ídolo chileno da década de 1980, Carlos Caszely: "É a tática do morcego - onze jogadores pendurados na trave". E bote morcego nisso, digo.

Passeio

Pela obra de Galeano, foi um privilégio ter passado o na companhia de Friedenreich, dos uruguaios Scarone e Cea, de Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Pedernera, Martino, alguns que eu conhecia e outros de quem nunca ouvira falar. Na companhia de Ademir, Obdulio Varela, Pelé, Maradona, Barbosa, Di Stéfano, Garrincha...

Milagre

Terminei na Quarta-Feira de Cinzas o meu passeio familiar com Kopa, Carrizo, Puskas, Yashin, Eusébio, Cruyff, Müller, Platini, Gullit, Rincón, Romário, Ronaldo Nazário... Não há espaço para contar tudo o que li no livro de Galeano. Mas, pelo milagre de sua obra, vi até Copas da época em que eu sequer havia nascido. Um primor.

Primeiros avisos

Fortaleza e Ceará pegaram os primeiros avisos de que a vantagem inicialmente aberta no certame estadual não pode ser interpretada como definitiva. Os primeiros avisos vieram no empate do Leão com o Itapipoca em Sobral e com a derrota do Ceará para o Guarani/J em Horizonte. Explica-se, mas não se justifica.

Fôlego renovado

Ceará e Fortaleza voltam suas atenções para a Copa do Nordeste. Amanhã, o Leão recebe o River/PI no Castelão. Já o Vovô, no domingo, vai até Ilhéus/BA pegar o Vitória da Conquista. Por terem atuado com os reservas no meio de semana pelo Campeonato cearense, alvinegros e tricolores deverão estar com todo o gás para estrearem bem.

Gestor

O técnico Lula Pereira terá agora no Ferroviário a chance de exercer uma nova função: a de gestor maior do grupo que investirá forte na marca coral. Chega no momento certo. Lula conhece os caminhos porque os percorreu como mandado e como mandante. Tem conhecimento e autoridade para tal mister. Ei-lo numa pose de apresentador do Debate Bola. Valeu, Lulão!

Che Guevara

Eu não sabia que Che Guevara tinha sido jogador e técnico de futebol. Descobri isso de passagem pela obra de Eduardo Galeano. Eis o trecho: "Defendi um pênalti que vai ficar para a história de Letícia", contava numa carta vinda da Colômbia um jovem argentino. Chamava-se Ernesto Guevara e ainda não era o Che. Em 1952, andava percorrendo sorte e destino pelos caminhos da América. Nas margens do rio Amazonas, em Leticia, foi treinador de uma equipe de futebol".

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