Tom Barros: Só quantidade

Não sei quantos jogadores o Ceará contratou na atual temporada. Tantos os que vieram. Tantos os que foram embora. Tantos os que chegaram para subir. Tantos os que atrapalham a subida. No início do ano, ainda sob o império de Lisca, estavam no Ceará Douglas Dias, Jhonnatan, Zezinho, Douglas Vieira, Salazar, Juliano, Biteco, Thiago Carvalho, Ricardo Conceição... Encheria esta página se fosse colocar todos os nomes. Quem os contratou? Quem os indicou? Quem os avaliou? Na área do futebol, o gerente Pastana foi embora em abril porque não dera bom resultado. Assumiu Carlos Kila. Assumiu e prometeu montar um time para subir. Como está difícil a subida, a insatisfação sobrou para Robinson de Castro que não fez as mudanças em tempo hábil.

Demissão

Faz parte do futebol brasileiro o time mudar de treinador se este perde em quatro jogos seguidos. É mais fácil mandar embora um do que demitir o time inteiro. Esse expediente tem muitos críticos que entendem ser necessária a permanência do técnico por alguns anos como fazem os europeus. Só assim colherá frutos.

Permanência

Na Europa o técnico passa três, quatro ou mais anos no mesmo time. Na grande maioria cumpre o contrato até o fim, ainda que não obtenha êxito. Estaria errado Robinson de Castro que, à moda europeia, segurou Sérgio Soares mesmo quando este passou onze jogos sem vencer? Pelo costume brasileiro, não; pelo europeu, sim.

Recordando

24 de outubro de 2006. Assim se passaram dez anos... O Fortaleza estava na Série A do Campeonato Brasileiro. Leão na elite com todos os méritos. No treino Ramalho tenta driblar o goleiro Albérico. Hoje, Edson Ramalho dos Santos está com 38 anos de idade. No momento está sem clube. Já Albérico Santiago da Silva está com 44 anos de idade. Encerrou sua carreira em 2008 no Campinense. Atuou por nove anos no Sport de Recife.

Image-0-Artigo-2153417-1

Rotatividade

Treinador no futebol brasileiro não fixa moradia em lugar nenhum. É um eterno andarilho. Em janeiro, Flávio Araújo estava no Fortaleza com a missão de subir o Leão para a Série B. Foi demitido em março. No dia seguinte foi contratado pelo Mogi/SP. Do Mogi foi para o Cuiabá. Já em agosto foi contratado Pelo Sampaio Corrêa.

Passagens

É mais comum um técnico assumir dois ou três times por ano do que ficar num time só o ano inteiro. Vejam os casos de Marquinhos Santos, Marcelo Chamusca e Lisca, só para citar os que mais recentemente passaram pelo futebol cearense. No primeiro semestre, Sérgio Soares treinou o São Bernardo/SP. Agora segue no Vozão.

Pressão

É muito natural que Robinson de Castro, presidente do Ceará, sofra pressão diante dos insucessos do alvinegro nas diversas competições que disputou este ano. A rigor, nada deu certo para o Ceará. Como consolo, pelo menos não experimenta o vexame do ano passado, quando só na última rodada livrou-se do rebaixamento para a Série C.

Notas & notas. Há necessidade de um repensar na política que Fortaleza e Ceará, os dois maiores times do Estado, estão colocando em prática nas contratações. Os objetivos de ascensão de ambos (Ceará para a Série A e o Fortaleza para a Série B) estão ficando pelo caminho. A vinda de técnicos e comissões de fora, pelo visto, não está correspondendo. O Fortaleza vai para o oitavo ano de Série C. O Ceará está na Série B desde 2012. Vai, portanto, para o sexto ano seguido na segundona. Não está certo isso.