Tom Barros: Privilégio de poucos

O bate-volta na série A acontece muito com os times do Nordeste. É incrível. Agora que o Ceará retornou à elite do futebol brasileiro, a pergunta é: quantos anos o Vozão permanecerá entre os 20 melhores clubes do Brasil? Decididamente, taí pergunta de difícil resposta. A sustentação ainda é uma incógnita. Qual a relação entre o valor das cotas pagas ao clube e a montagem da equipe? Há o entendimento segundo o qual quem tem mais dinheiro forma times melhores. Nem sempre porém é assim. Se prevalecesse esse entendimento o Corinthians nunca teria caído. Os critérios para a formação de um bom time são variados. Saber usá-los é privilégio de poucos. Que o Ceará saiba, pois.

Duas vezes

As cotas do Vasco são elevadas. Não há nem como compará-las com as do Ceará. Entretanto, nos últimos cinco anos, o Vasco da Gama já foi rebaixado duas vezes, ou seja, em 2013 e 2015. E o Inter/RS, mesmo com o maior número de torcedores associados e cotas elevadas, caiu no ano passado.

Dois anos

Em 2010, ano de sua 1ª participação na Série A em pontos corridos, o Ceará, mesmo com cotas muito menores, classificou-se em 12º lugar, na frente de Atlético/MG (13º) Flamengo (14º), que tinham cotas infinitamente superiores. Já no ano seguinte, 2011, o Ceará não resistiu, sendo rebaixado em 18º lugar.

Fortaleza

Na Série A 2005, o Fortaleza, com cotas muito menores que as pagas aos chamados grandes do futebol brasileiro, chegou em 13º lugar. Ficou na frente do Flamengo (15º) e do Atlético/MG (20º), que foi rebaixado. Mas em 2006 o Fortaleza foi rebaixado. Mais uma vez nada de se sustentar na elite.

Fase melhor

O Ceará terá agora um aporte financeiro maior. Portanto, terá chances de trabalhar de forma mais acurada as futuras contratações. E, se algumas não derem certo, haverá lastro para os devidos reparos. Pelo menos teoricamente se pensa assim. Na prática poderá ser diferente.

Opinião

Na época o presidente do Fortaleza, Ribamar Bezerra, mostrou-me as dificuldades para manter um time na Série A. As equipes com maiores dotações financeiras têm mais chance de acertar nas contratações pelo maior número que fazem. Os daqui ficam limitados. E não podem corrigir se não derem certo. Os de lá podem.

É passagem

Os nossos times demoram muito tempo na Série B. O Ceará agora mesmo passou seis anos na Série B. Tempo demais para um time da projeção do Ceará. O Fortaleza ingressa agora na Série B. No meu modo de entender é uma Série de transição. É uma Série para ocupação emergencial, como fazem os grandes clubes quando são rebaixados na Série A, ou seja, logo no ano seguinte já estão de volta à elite. Que a Série B seja para o Fortaleza trampolim para subida imediata para Série A.