Tom Barros: Os novos atores

Sinto-me como quem, sentado na poltrona de um teatro, aguarda a abertura de um belo espetáculo. No caso, a curiosidade não apenas de ver de perto os artistas, mas também a vontade de avaliar o desempenho e o talento de cada um. Assim aguardo a temporada do futebol cearense que começa domingo próximo. Ganhei ânimo ao ler as opiniões dos técnicos Hemerson Maria e Gillmar Dal Pozzo, que, na figura que criei, seriam os diretores teatrais. Eles falaram de forma otimista a respeito dos atores que estarão sob seus comandos. O Campeonato Cearense é a peça. Vai para a 103ª edição. Uma peça que se renova a cada ano, apesar das dificuldades financeiras e concorrência de outras competições aquinhoadas com melhores patrocinadores. Não arredo pé da poltrona.

História

Dos 102 certames cearenses, vi 59 deles. O primeiro por inteiro foi o de 1957 (Ceará campeão). Não conto o de 1956, que o Gentilândia faturou o título, porque vi apenas parte dele. Eu tinha nove anos. Ainda não era muito ligado. Mas vi em ação Pedrinho Simões, Pipiu, Fernando Sátiro, William Pontes e Haroldo Guimarães, dentre outros.

Mais marcantes

Dos 59 campeonatos cearenses que acompanhei, dois deles ficaram mais marcados na minha memória: o de 1963 (Ceará, tricampeão) e o de 1974, conquistado pelo Fortaleza. Os demais tiveram sua importância, mas os de 1963 e o de 1974 apresentaram ingredientes especiais que explicarei nos tópicos seguintes

Recordando

16 de novembro de 1958. Jogo Fortaleza 2 x 2 Ceará. Time do Fortaleza. A partir da esquerda (em pé): Charuto, Sanatiel, Aluísio III, Sapenha, goleiro Rominho e Ninoso. Na mesma ordem (agachados): Aluísio, Mourão, Moésio Gomes, Zé Raimundo e Bececê. Detalhe: o mascote que está com o Zé Raimundo é o Flávio, da Gentilândia. Foto enviada pelo empresário do setor de ar condicionado, Serginho, irmão do Rominho.

1963

No jogo decisivo, o Ferroviário estava ganhando do Ceará por 2 a 1 aos 40 minutos do segundo tempo. Isso adiaria o tri, pois o Ferroviário ganharia o terceiro turno. Veio a reação alvinegra. Aos 41, Gildo empatou (2 x 2). Aos 44, Lucena fez o gol da virada e do tricampeonato. O Ceará foi campeão arrastão. Incrível.

1974

Para ser bicampeão, o Fortaleza precisava ganhar do Ceará três partidas seguidas. Ninguém imaginava que isso poderia acontecer. O Ceará já era tido como campeão. Mas o Fortaleza a todos surpreendeu. O Leão ganhou os três jogos seguidos. Aplicou 4 a 0 no primeiro, 1 a 0 no segundo e 3 a 1 no terceiro. Incrível.

Estrela

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No certame 2017, Magno Alves, aos 40 anos de idade, é a maior estrela. Apesar de veterano, tem futebol clássico, elegante, eficiente, que esteve na Série A no ano passado e ainda na Série A poderia ter permanecido este ano. Questões familiares o trouxeram de volta para morar em Fortaleza. E ele optou pelo Ceará, clube no qual ele também tem história.

Exagero. Os dirigentes da FIFA decidiram que a partir de 2026 a Copa do Mundo terá a participação de 48 seleções. Pelo visto, os mentores da FIFA buscaram inspiração na CBF que colocou 90 clubes na disputa da Copa do Brasil 2017. Não duvidem nem se surpreendam se depois de 2026 o número de participantes for sendo gradualmente ampliado. Se banalizarem, vão acabar com a graça que a Copa do Mundo tem. A Copa São Paulo inchou. A Copa do Brasil inchou. A Copa do Mundo não quer ficar atrás.

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