Tom Barros: O que faltou na decisão

O Fortaleza ainda comemora o bi estadual, conquistado com extrema competência. Mas, nesta decisão, faltaram alguns ingredientes indispensáveis a torná-la maior, mais empolgante. Faltou o roer as unhas. Faltou o olhar espantado. Faltou a apreensão. Faltou o semblante do medo. Faltou o coração acelerado. Faltou a expressão do pânico. Faltou o respirar do alívio. Não há como comparar o bi 2016, tão tranquilo, com o título de 2015, ganho no minuto final. Qual mexeu mais? Qual o mais empolgante? Qual o mais inesquecível? O de 2015 foi mais sofrido, mas muito mais significativo. No título do ano passado, houve o herói, Cassiano. O torcedor sabe que ganhar como em 2015 é muito mais profundo porque o sofrimento vira apoteose, a dor vira alegria.

Recordando

Timaço de Orós, campeão cearense de futsal 1974. A partir da esquerda (em pé): Vidal, Bebê, Raimundo, Zé Mauro, Maia, Tarcísio Mamão e Beto. Agachados: Picareta, Luciano Pacoti, Serginho, Josias, Chagas e Rosildo. Dados: Serginho é empresário bem-sucedido no setor de instalação e manutenção de ar condicionado. O notável goleiro Beto Santana, bicampeão mundial pelo Brasil, morreu moço demais em 2004.

Na mente

Em declaração explícita, o técnico do Ceará, Sérgio Soares, disse que já tem a escalação na cabeça. Portanto, o formação na teoria já existe. Resta saber se, na prática, corresponderá às expectativas do treinador e, mais que isso, às expectativas da torcida. Nestes primeiros jogos será impossível um time perfeito. Mas certa evolução já terá de ser demonstrada.

Festa

Não estou, com as colocações acima, deixando de reconhecer o valor do bicampeonato do Fortaleza. Vai para os anais como os outros. É que trabalhei nas duas decisões e pude comparar pelas imagens dos arquivos a grande diferença entre um título e outro. Entre a reação da torcida em 2015 e a reação da torcida agora.

O choro e o fico

No título este ano eu não vi torcedor chorando de emoção. No de 2015 quase todos os atletas choraram. Neste, só vi Anselmo chorar. A torcida, como que anestesiada com o gol de Cassiano, ficou estática no Castelão até a entrega da taça. Anteontem, quando a taça foi entregue, a maior parte do público já não estava no Castelão.

Gol legal

Um erro grave de arbitragem tirou de Everton o direito de ser o herói do jogo decisivo 2016. O gol foi legítimo. Não houve impedido. Aí, no retrospecto, entraria o triunfal gol dele e não o gol contra de André Lima. Nada disso tira o brilho do bicampeonato tricolor. Eu sei. Valeu. E como valeu. Agora, para coroar o ano, é subir para a Série B nacional.

Foco alvinegro

Passada a decisão cearense, o foco agora é o Ceará na Copa do Brasil. Amanhã enfrenta o Joinville em Santa Catarina. Isso permitirá nova avaliação da equipe que está sendo montada por Sérgio Soares. Ter ficado fora dos holofotes por algum tempo foi até bom. Deu mais sossego à preparação e menos cobrança.

Contratados. Hora de conferir o Ceará das novas contratações. O Ceará de Eduardo, de Ricardinho, de Tomas Bastos, de Marino. O Ceará do novo gerente Carlos Antonio Kila. Enfim, o novo rumo que as coisas devem tomar em Porangabuçu. O saldo dos quatro primeiros meses do ano foi muito ruim. Nenhuma conquista. Só eliminações. Prejuízo financeiro. Foi, como diz o narrador Gomes Farias, "desencorajador". Mas a volta por cima está em curso com as novas contratações. Questão de tempo, creio.

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