Tom Barros: O avanço brasileiro e o desabar da Alemanha

O Brasil passou. Terminou em primeiro lugar. A despeito das dificuldades enfrentadas nesta fase de grupos, soube se impor. Superou os contratempos, máxime os encontrados diante da Costa Rica. E viu, à distância, o desabar da Alemanha, algoz da Canarinho na Copa 2014. Uma vindita indireta ao contemplar a prematura viagem de volta de Neuer, Hummels, Boateng, Özil, Kroos, Khedira, Draxler e Thomas Müller, os carrascos do Mineirão. Ontem foi a melhor apresentação da Seleção Brasileira. Construiu com paciência, talento e coragem o resultado vitorioso sobre a Sérvia. Só em parte do segundo tempo o Brasil sentiu-se incomodado, quando a Sérvia criou algumas chances de gol. Mas o time de Tite logo retomou o controle do jogo ao substituir Paulinho por Fernandinho. Com a retomada, a ampliação do placar (2 x 0) gol de Thiago Silva. O Brasil não foi um primor, mas mostrou avanços significativos. No lugar da agonia própria da afobação, a tranquilidade de um time consciente de suas tarefas. Phillippe Coutinho assumiu o posto de maestro. E sua regência lembrou mestres como Didi na Copa de 1958 e Gerson na Copa de 1970. Coutinho, jovem de 26 anos de idade, sem alardes, com a discrição consciente de quem sabe o que faz, enxerga os que os demais não enxergam. E assim descobriu numa floresta de sérvios um único espaço por onde colocou Paulinho na frente do gol. E Paulinho fez o gol. E Paulinho foi para o abraço. Coutinho seguiu com a seriedade de um comandante de tropa, ditando as normas do jogo. Certamente, sem perceber, ofereceu de forma gratuita bela lição de comportamento ao companheiro Neymar. A propósito, Neymar desta vez evitou atitudes polêmicas, firulas desnecessárias e cuidou também de revelar-se ortodoxo: não xingou, não exagerou no drible, não irritou os adversários, não quis conversa com o árbitro. Se o sentimento coletivo predominar, o Brasil terá condições de ganhar o título. Tanto é verdade que contornou sérios problemas internos como as contusões de Douglas Costa e de Marcelo (meses antes, a de Daniel Alves). E aí está uma Canarinho viva, usando as opções. Agora é encarar o México, que tem futebol oscilante. É o México da irmandade da Copa de 1970, mas que nesta Copa assume outro papel: adversário perigoso como o que bateu na Alemanha ou adversário frágil como o que foi goleado pela Suécia.

Phillippe Coutinho assumiu o posto de maestro. E sua regência lembrou mestres como Didi na Copa de 1958 e Gerson na Copa de 1970.