Tom Barros: No entorno do PV

Sou saudosista de carteirinha. Caminhar pelas ruas da Gentilândia, no entorno do PV, é encontro de saudade com ex-craques. Estive na casa do prof. Elmo na Rua N. S. Dos Remédios. Ali morou o Cel. Milton Luciano, goleiro campeão cearense pelo Tramways em 1940. Na casa a lembrança dos bons tempos em que o Cel. Milton ali morou com sua esposa Teresinha e os filhos Miltinho, Betinho e Regina. Só a Regina está viva. A Rua Pe. Fco. Pinto também é passarela de recordações. Moraram nessa rua o notável lateral Zé Mário (meu ex-vizinho), o atacante França, o possesso lateral-direito William Pontes e o maior ídolo do Ceará, Gildo. Só não vi jogando Milton e França. Contemplei os demais na grandeza de seus talentos e com eles mantive grande amizade. O tempo passou.

Outra rua

Na Rua Adolfo Herbster moraram os craques Moésio Gomes e Mozart Gomes, ídolos do Fortaleza. Tive a felicidade de vê-los em ação nas década de 1950 e 1960. Nessa rua também morou o goleiro Pedrinho Simões, campeão cearense pelo Gentilândia e Fortaleza e vice-campeão da Taça Brasil pelo Fortaleza em 1960. Tenho contato com ele.

Outros mais

Na Av. Expedicionários morou Haroldo Castelo Branco, que brilhou no Ceará, Fortaleza e Seleção Cearense. Haroldo mora no Rio. Na Gentilândia moraram os irmãos Pepeta e Maurício Gafieira, já falecidos. Vivos estão Leilá, Rominho, Iá, Gonzaga, Paulo Castelo Branco, todos do bairro. A vida é mesmo rápida e falaz.

Recordando

Década de 1940. Rara foto do Estádio Presidente Vargas em dia de clássico. Os alambrados eram de madeira. As arquibancadas ainda baixinhas. Atrás das arquibancadas as frondosas mangueiras, algumas no espaço hoje ocupado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE Campus Fortaleza. Antes, nesse espaço do IFCE, funcionou o Campo do Prado, estádio "aposentado" após a inauguração do PV.

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Campinhos

Está explicado o motivo pelo qual a Gentilândia produziu tantos craques: os campinhos improvisados em qualquer espaço do bairro. No local das praças de hoje, campinhos de areia. Ali vi na década de 1960 dois queridos amigos que só não foram goleiros profissionais porque não quiseram: Jorge Parente Frota Junior e Gotardo Freire. Muito bons.

Esquina

Na década de 1960, na esquina da Pe. Fco. Pinto com Rodolfo Teófilo (hoje Waldery Uchoa), havia um campinho onde Sérgio Castelo Branco Pinheiro e seu primo, Paulo, davam show ao lado de Nilton Miranda (Chico Nilton) e Dudé, que depois brilhou no futsal. Só Paulo Castelo Branco virou profissional, campeão pelo Ceará.

O pesquisador

Na década de 1960, o pesquisador Airton Fontenele também morava na Gentilândia, na Rua São José do Tauape, hoje Rua João Gentil. Uma mangueira, hoje frondosa, plantada por sua saudosa esposa, Helena, ainda está lá bem no meio da rua. Airton já era o bamba sobre Seleção Brasileira. Viveu os tempos do Prado e do PV. Airton vai completar 90 anos, dia 28.

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Mais, muito mais. Nos campinhos da Gentilândia e do Benfica eram forjados jogadores que aprendiam a improvisar diante das mais adversas situações. Aguçavam a criatividade que mais tarde encantaria nos times profissionais. Não ficavam presos aos rigores táticos e técnicos de hoje. No campinho da Igreja dos Remédios vi Iá, Irajá e Paulinho, craques de bola. Irará e Iá foram campeões pelo Fortaleza na década de 1960. Havia mais campinhos ao longo do espaço hoje ocupado pela Rua Eduardo Girão.