O cronista se contém. Ele sabe que o Fortaleza já pode proclamar o bi. Sabe que o Uniclinic não tem forças para aplicar uma diferença de quatro gols no próximo jogo. Ele sabe que o Fortaleza tem sobras para administrar a vantagem. Mas os fatos inusitados do futebol travam o cronista. E ele não tem coragem de dizer o que a torcida tricolor grita a plenos pulmões: é bicampeão. Jorge Mota não quis gritar "é bicampeão". Marquinhos Santos não quis gritar "é bicampeão". É a ética. É o respeito ao adversário. Então, em nome da ética e do respeito ao adversário, o cronista segura o que ele também gostaria de dizer. Não custa nada esperar um pouco mais e evitar riscos desnecessários. O Fortaleza ganhou. Goleou. Fez um jogo com jeito de bicampeão, mas bicampeão ainda não é.
Gelou
O Fortaleza ao fazer 1 a 0, gol de Lima, logo no primeiro minuto, anestesiou o Uniclinic, que sentiu o golpe. Anselmo ampliou (2 x 0). Juninho fez 3 a 0 logo no início do segundo tempo. Amaral diminuiu (3 x 1). Mas Edmar fechou o placar (4 x 1). Nem quando esboçou ligeira reação o Uniclinic mostrou-se capaz de algo mais forte. Gelou.
Aposta
Para seguir sonhando com o título estadual 2016, o Uniclinic terá de fazer um pacto com o inusitado, um contrato com a zebra, um acordo com a sorte. Terá de sepultar a lógica, descartar a desvantagem, neutralizar o adversário. Jogar tudo o que sabe e fazer com o que o Leão esqueça que sabe de tudo. Só assim certamente alcançará os quatro gols de diferença.
Recordando
Década de 1960. Estádio Carlos de Alencar Pinto, em Porangabuçu. Jogadores do Ceará antes de um treino coletivo. A partir da esquerda: Zélio, Baíbe, Wilson, Zezinho, Gildo, Joaci e Nido. Detalhes: Não tenho informações sobre Zélio, Wilson, Zezinho e Joaci. Baíbe mora no Jardim América e enfrenta problemas de saúde. Nido vez por outra passava pelo Diário do Nordeste. O saudoso Gildo morreu no dia 9 de março passado.
Contraste
O Ceará em 2015 entrou na Série B como favorito a subir para a Série A. Tinha sido campeão da Copa do Nordeste. Passou a impressão de que fácil ficaria entre os classificados para a Série A. Ledo engano. Silas foi substituído por Geninho, que deu lugar a Marcelo Cabo, que deu lugar a Lisca, que do rebaixamento salvou o time na última rodada.
Torcida
Não compreendi a pouca presença da torcida do Fortaleza no PV. Era jogo da fase final do campeonato, gente. Imaginei um PV superlotado. Que nada! Espaços fartos e cadeiras vazias. O cenário de um jogo comum como se fosse uma disputa qualquer. Não quero acreditar que domingo no Castelão persista tamanha indiferença.
Não é favorito
Agora o Ceará entra na Série B 2016 sem ser favorito. Está em transição. Sérgio Soares, na sua estreia, viu o time ser vaiado. Pelo visto, a pressão vai começar junto com o certame. Credenciados entram Vasco, Bahia, Atlético/GO, Criciúma, Náutico... É até bom que assim seja, pois o Ceará poderá surpreender, seguindo caminho oposto ao do ano passado.
Reação coral. O Ferroviário, com a vitória (1 x 2) de virada sobre o Iguatu no Agenzorzão, consolidou sua reação na Série B. Manteve-se vice-líder e depende apenas de si para alcançar seu desiderato: voltar à elite cearense. Faltam seis rodadas para o fim do certame. Claro que a vaga não está garantida, mas o time coral experimenta visível vantagem. Detalhe importante: o time tem crescido na reta final. Prestem atenção no atacante Valdeci. O gol dele iniciou a virada que Maxwell concretizou.
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