Tom Barros: Inventário final

A era Sérgio Soares no Ceará chega ao fim. Foram duas passagens. Em 2014, quase chegou à Série A. Agora, muito ruim no returno. Não é fácil avaliar treinador. Há que se levar em conta a qualidade do elenco e suas oscilações. Ouvi críticas ao Sérgio. Mais críticas à diretoria que o manteve. Divido as culpas. Não coloco só sobre os ombros de Sérgio o insucesso. E os gols perdidos por Bill? E os gols perdidos por Rafael Costa? E o comprometimento de jogos em que Charles e Bill foram expulsos em atos irresponsáveis? Mas o peso maior fica mesmo com o treinador. Num inventário final, os resultados levam à conclusão de que Sérgio Soares tem conhecimento de futebol, mas por motivos diversos, alguns alheios à sua vontade, outros por erros seus, não se saiu bem. Faz parte da rotina.

Mudanças

É incrível como as coisas podem mudar para melhor ou para pior, simplesmente com a chegada ou saída de um comandante. Bastou o técnico Tite substituir Dunga na Seleção Brasileira para que, basicamente com o mesmo grupo, a Canarinho logo recuperasse a confiança, apresentando um futebol de qualidade, criativo, inteligente.

Mesmo grupo

Sérgio Soares, com o mesmo grupo, conseguiu excelente resultado na primeira fase do certame, mas, no returno, despencou de forma inexplicável, a ponto de passar onze jogos sem ganhar. Isso com um elenco que chegou a alcançar a liderança, ficando só atrás do Vasco da Gama. Não mudou o comandante, mas o time desonerou.

Recordando

Ontem errei na digitação da foto que saiu errada. Hoje taí corretamente. A partir da esquerda: Haroldo Guimarães, Tangerina, Orlando Patrício e Carneiro. O querido e saudoso ponta-esquerda Haroldo foi campeão pelo Gentilândia em 1956. Tangerina, campeão pelo Ceará em 1971. Estive com Orlando há duas semanas. O notável lateral-esquerdo, Carneiro, morreu em fevereiro de 2013.

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Novo técnico

O Atlético de Goiás não vinha bem com o técnico Wagner Lopes. Praticamente sem alterar o elenco obteve êxito sob o comando de Marcelo Cabo, que substituiu Lopes. Como explicar? Aqui, em 2015, o Ceará estava indo para o rebaixamento. Com a chegada de Lisca, o time, com o mesmo elenco, reagiu, cresceu e não caiu.

Variações

Ser bom ou mau treinador depende muito das circunstâncias. O que não dá certo num clube pode perfeitamente estourar no mês seguinte num time até mesmo de qualidade inferior. Por isso é com muito cuidado que o cronista deve avaliar o desempenho de quem quer que seja. Jamais esquecer que as aparências enganam.

Revelação

Fechando a lista que me foi enviada pelo Sérgio Ponte, indico meu voto referente à revelação do ano: Raul, volante do Ceará. O jovem cearense de 20 anos (nasceu no dia 11 de julho de 1996) já esteve no Icasa, mas no meu entendimento foi agora em 2016 que surgiu de vez com o seu futebol eficiente. Certamente será o dono da posição no próximo ano. Grande esperança.

Outros exemplos. Flávio Araújo é treinador vitorioso. No Fortaleza, no início do ano, não conseguiu os resultados esperados. Saiu. Marquinhos Santos o substituiu. O time, com o mesmo grupo, deu notável salto de qualidade, batendo seguidamente no Sport/PE, Flamengo (aqui e no Rio) e Ceará. Como explicar? /// O Guarani de Campinas, vice-campeão da Série C, cresceu com a chaga de Marcelo Chamusca e do preparador físico cearense Roger Gouveia. Aí, com o mesmo elenco, subiu para a Série B.