Tom Barros: Imediatos efeitos do ouro

O agora futebol ouro olímpico do Brasil tem significado muito maior do que o desportista imagina. Mais ainda porque conquistado sobre a poderosa escola alemã, um primor na preparação de jovens atletas. O ouro devolve ao Brasil a autoestima e a autoconfiança perdidas nos fracassos e humilhações da Copa do Mundo 2014. Com um pouco mais de aplicação, o futebol brasileiro rápido recuperará o prestígio e a respeitabilidade que tinha há alguns anos. Há sempre os que querem apequenar a conquista. São os do contra. Faz parte. Mas eu penso diferente. O Brasil recuperou o jeito de ganhar. Ganhou. E ganhou sob pressão. E ganhou com mérito. E ganhou limpo. Esse ouro certamente já terá efeitos na sequência das eliminatórias para a Copa 2018 na Rússia.

Perfeito

Neymar, o nome do ouro olímpico no futebol. Dele os gols, os passes na medida, a criação e a diferença. Na cobrança do pênalti final, sob a pressão do Maracanã, sob a pressão do país inteiro e sob o histórico de ídolos que tremeram nessa hora, ele foi frio, calculista, perfeito. Beijou a bola, quase uma paradinha antes de bater e a conclusão: gol.

O goleiro

Weverton também escreveu seu nome neste episódio final. Antes de pegar o pênalti, que pôs o Brasil em vantagem, ele fez a mais importante defesa no correr do jogo. Puro reflexo. Ele começou vacilante a Olimpíada. Depois ganhou confiança e a concluiu com uma marca incrível: sofreu apenas um gol em toda a competição.

Recordando

1974. Fortaleza Esporte Clube. Jogadores do Leão numa conversa informal antes de uma partida. A partir da esquerda: em pé, de costas, Amilton Melo (falecido). Sentados: Lucinho (falecido), Chinesinho (falecido), Alízio (falecido), Zé Paulo, Mimi, Ronner e Geraldino Saravá. Detalhes: Zé Paulo é formado em Educação Física. Conhecido como "Touro do Seu Tobias", foi notável zagueiro do Leão na década de 1960. (Álbum de Elcias Ferreira).

Retorno

O Ceará voltou mal. Não me refiro ao resultado (derrota por 2 a 0 para o Paysandu), mas à produção do time. Nem de longe lembrou o Ceará confiante, da reta final da primeira fase do campeonato. Quero acreditar que, após essa paralisação, haverá a necessidade de uma reavaliação de todos os concorrentes.

ABC é um calo

No dia 18 de junho, o ABC veio ao Castelão e ganhou do Fortaleza (0 x 1). Sábado, no Frasqueirão, voltou a ganhar (2 a 1). O Fortaleza perdeu seis pontos para o ABC, que tem sido um calo na vida do Leão. Com a derrota em Cuiabá, já são duas seguidas a quatro rodadas do fim da fase classificatória. Há risco de não chegar ao mata-mata. Um tormento a mais.

Orações

Neno Cavalcante. O amigo. O jornalista. O ser humano leal. O coração sensível. Fiel aos seus ideais. E firme na defesa desses ideais. Independente. Ele está tão presente, tão vivo, que nem acredito estar escrevendo sobre o Neno que Deus levou. Missa da Esperança, hoje, 19hs, Igreja Cristo Redentor. Familiares e amigos em orações. Resta a imensa saudade.

Notas & notas. Dos integrantes do G-4 da Série B, nenhum venceu neste retorno: o Vasco empatou com o lanterna Sampaio Corrêa; o Ceará foi derrotado pelo Paysandu; o Atlético/GO empatou com o Oeste; o CRB foi derrotado pelo Londrina. /// Não consigo entender o que está havendo com o Fortaleza. O Leão passou de grandes exibições a um futebol confuso e perdedor. E com o mesmo grupo vencedor do início da Série C. Há algo inexplicável nesta queda de produção tricolor. Inacreditável.