Tom Barros: História feita de luz, bolas, ação e emoção

Crônica

O Campeonato Cearense, que vi robusto na década 1950, tem nova edição a partir de hoje. Longa história que produziu ídolos inesquecíveis como Hermenegildo e Mitotônio, Zé Paulo e Alexandre, Gildo e Croinha, Mozart e Moésio, Pacoti e Sérgio Alves, Zé Eduardo e Clodoaldo.  Não caberia nesta página a lista interminável dos que, com dedicação e talento, encantaram multidões. Em matéria de títulos o Campeonato Cearense já foi do Orion e do Tramways, do América e do Maguari, do Gentilândia e do Calouros, do Icasa e do Tiradentes (estes dois no tapetão), do Ferroviário,  do Fortaleza, do Ceará. De mais ninguém. Neste mister pujança maior dos dois eternos rivais: de 1996 a 2015, só alvinegros e tricolores de aço foram campeões. A despeito de todas as objeções ainda vejo forte o Campeonato Cearense. Forte porque pela sobrevivência supera até a má vontade de uns, a descrença de outros e a indiferença de terceiros. Mesmo com dinheiro minguado, vai em frente. E encara os que desprezam as origens e a história, pois foi nos "estaduais" o começo de tudo. O primeiro Campeonato Cearense que eu vi foi o de 1957. Portanto, há quase 60 anos. Um certame empolgante, apesar de impulsionado apenas pelo rádio e pelos carros de som que circulavam nos bairros. A única fonte de renda certa era a bilheteria. Mesmo assim seguia inabalável porque alimentado pelo nobre sentimento dos idealistas e não contaminado pela corrente dos pensadores pusilânimes. Hoje o mundo vive a era das redes sociais, rádios, jornais e incontáveis canais de televisão. Se a comunicação ampla dá visibilidade e faz prosperar o futsal e o vôlei, o handebol e o basquete, o tênis e o MMA, a Fórmula 1 e as regatas, o ciclismo e  o surfe, o atletismo e a natação, por que só os campeonatos estaduais minguam? Não há como, com toda esta vasta divulgação, aceitar o futebol deficitário. Ou há limitação dos que o realizam ou, mais que isso, há dormência dos que não sabem explorar o grande apelo que o Campeonato Cearense tem. Nos últimos anos alguns contratempos têm dificultado o correr normal das disputas no certame cearense: ora estádios não liberados, ora a falta de documentos, ora a contagem errada de cartões. Daí imbróglios que levam a FCF a excluir e incluir times em cima da hora, fatos nada condizentes com um esporte profissional. Embora reconheça a grave crise, refuto a ideia da extinção defendida por muitos. O Campeonato Cearense é um evento que, se bem dirigido, sempre terá todos os elementos para alcançar êxito total, pois pleno de luzes, bolas, ação e emoção. Exatamente o que o torcedor gosta.