Tom Barros: Frieza nas conclusões

Meu leitor e amigo, médico Russen Conrado, há muitos anos faz rigoroso levantamento estatístico sobre os efeitos da falta de aproveitamento das chances de gol. E mostra como isso tem sido danoso para as equipes que cometem erros assim. Agora mesmo, na Decisão da Copa das Confederações, o Chile teve duas grandes oportunidades de largar na frente: uma com Arturo Vidal e outra com Eduardo Vargas. Desperdiças. Aí a fria Alemanha, com Stindl, fez 1 a 0. Ganhou o jogo e a competição. O Ceará, antes de tomar 1 a 0 do Paraná, teve três chances de ouro: duas com Roberto e uma com Magno Alves. Desperdiçou-as. O Paraná fez 1 a 0, gol de Renatinho, de pênalti. Ganhou o jogo e ficou acima do Ceará na classificação.

Semelhante

O Fortaleza fez 1 a 0 no Confiança, gol de Bruno Melo. Teve outras chances de ouro com Pablo e com o próprio Bruno. Meteu bola na trave com Ligger e Bruno. Resultado: não fez o segundo gol e acabou surpreendido em casa, em pleno PV, por um time limitadíssimo como o Confiança.

Conclusão

Quem ajusta a finalização, é frio e calculista como a Alemanha, ganha jogos e títulos, máxime diante de adversários afobadinhos e nervosinhos. Saber concluir é arte. Mas é também domínio dos nervos, controle emocional, principalmente sem tremer diante das multidões. É o que está faltando aqui.

Recordando

Gildo Fernandes de Oliveira, "matador" implacável do Ceará no período de 1961 a 1971. O maior artilheiro da história do clube. Gildo era frio e calculista. Ele era também muito bom no jogo aéreo. Ficaram famosas suas conclusões de cabeça. Gildo entrou para a história como o maior ídolo do Ceará em todos os tempos. Com muito mérito.

Image-0-Artigo-2263736-1

Preocupação

Pela Série B o Ceará enfrentará o Figueirense, sábado próximo, em Florianópolis. Também no sábado o Fortaleza, pela Série C, enfrentará o Moto em São Luís, no Castelão de lá. A preocupação dos dois times cearenses é a mesma: erros de finalização. Isso pode comprometer seriamente seus objetivos.

Intensidade

Observo que uma espécie de acomodação inconsciente está acontecendo. É aquela em que o time ao obter mínima vantagem já se acha garantido. E deixa o tempo correr. Por que só depois que tomou o empate o Fortaleza passou a jogar intensamente? Por que não o fez antes com o mesmo ímpeto?

Último "matador"

Clodoaldo, Baixinho bom de Bola, era frio e calculista. No auge, no Fortaleza, fez golaços incríveis. Na Série A, em 2005, Clodoaldo foi um freezer ou mesmo uma pedra de gelo ao tirar Rogério Ceni do lance e marcar um golaço. Leão ganhou do São Paulo (1 x 0). Depois de Clodô, nunca mais por aqui outro igual.

100 anos. Em 3 de julho de 1917 nascia em Alegrete (RS), João Alves Jobim Saldanha, notável cronista brasileiro que morreu em 1990 em Roma. Destacou-se também como técnico, sendo campeão carioca pelo Botafogo em 1957 e classificado o Brasil nas Eliminatórias de 1969 para o Mundial do México. Por justiça, o tri do Brasil em 1970 também lhe pertence. Airton Fontenele fez parte do círculo de amigos de Saldanha. Em 1986, Saldanha fez apresentação do primeiro livro de Airton, "Futebol - Seleção das Seleções".