Tom Barros: Estes pontinhos traidores

Não gostei nem pouco da estreia do Ceará na Série B. Sei que é começo de jornada. Sei que não posso cobrar perfeição. Mas sei que posso cobrar garra, luta, vontade. O primeiro tempo diante do Paysandu foi razoável. O Vozão manteve o controle, embora passando por dois momentos de risco. Na fase final, a enganadora arrancada com dois gols em três, seguida de uma anemia profunda, sem necessidade comprovação por hemograma completo. O Paysandu foi chegando com o meio-campista Lucas, o melhor da partida. Avisou com bola na trave em cabeçada de Alexandro e chegou ao empate com gols de Lucas. O Ceará assistiu sem reação aos avanços do adversário. E deixou escapar dois pontinhos traidores que poderão fazer muita falta na contagem final do certame.

Lições

No ano passado, o sufoco para não cair começou assim. Vão relevando pontinhos chamados bobos perdidos em casa no início da temporada. Vão acumulando situações desfavoráveis inadmissíveis em determinados jogos. Daí a advertência que ora faço. Muitas vezes a imprensa por contemporizar termina cúmplice do fracasso.

Segundo tempo

O que há com o Ceará na fase final? Não foi bem em Joinville no segundo tempo e somente segurou a vitória pelas três importantes defesa de Everson. Diante do Paysandu o mesmo desconforto no fase final. Tomou o empate e por pouco não sofreu a virada. E é porque o visitante estava sem seis titulares. Acorda, Soares. É hora de um pito.

Recordando

1964. Time do Fortaleza. A partir da esquerda (em pé): Mesquita, Baiano, Zé Paulo, Benedito, Genival e Carneiro. Na mesma ordem (agachados): Birungueta, João Carlos, Paraíba, Zé Raimundo e Audi. Desse grupo, não lembrava mais do goleiro Baiano nem do ponta-esquerda Audi. Observem que os atletas usam um "fumo", sinal de luto, na camisa. Homenagem póstuma que não sei a quem. (Acervo de Elcias Ferreira).

Os novos

Das novas contratações do Ceará, não há ainda como avaliar de forma definitiva o potencial dos atletas. Thallyson foi bem apenas no primeiro tempo. Ewerton Páscoa e Tomas Bastos atuaram pouco tempo. Nem entraram no ritmo. Não vão cair no erro de sempre comparar Ricardinho com o outro Ricardinho que jogou no clube. Nada a ver.

Tempo

Tenho sempre a prudência ao analisar o desempenho dos atletas. É preciso evitar o risco de queimá-los. Exemplo: no Fortaleza o zagueiro Edimar chegou a ser amaldiçoado até pela torcida por dois erros graves que cometeu. Quiseram até mandá-lo embora. Hoje Edimar é uma referência pela segurança que imprimiu a zaga tricolor.

O goleiro

Foi muito agradável receber Ricardo Berna, goleiro do Fortaleza, no Debate Bola. Ele é muito simples, centrado, profissional consciente. Falou com moderação e passou uma imagem altamente positiva sobre a preparação, visando aos desafios que o Leão terá na atual temporada. O principal de todos: subir para a Série B nacional.

Sete anos. A mais inspirada resposta de Berna foi lembrar que o atual grupo não pode nem deve colocar sobre os ombros o peso de sete anos de insucesso na Série C. Ele entende que o trabalho mental tem de preparar os atletas para assumirem a responsabilidade apenas pelo momento presente e não por tudo o que houve no passado. Berna acha que sem esse peso o time estará apto para levar sobre os ombros, sem assombros, apenas o desafio de agora. Concordo. Berna está coberto de razão.

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