Cada seleção tem sua história. Algumas, desacreditadas, chegam ao título. Outras, acreditadas, ficam pelo caminho. A de craques como Cerezo, Zico, Sócrates, Falcão e Júnior voltou sem nada da Espanha em 1982; a de Dunga, Romário, Bebeto e Zinho nos Estados Unidos voltou campeã, com a taça do tetra em 1994. Amanhã, começa uma outra história, desvinculada dos desenganos de 2014. É uma Canarinho renovada pela pregação de um líder com postura de padre ou pastor: Adenor Leonardo Bachi. Esse senhor, de 57 anos de idade, gaúcho de Caxias do Sul, ganhou no futebol o apelido de Tite, apelido que carinhosamente conserva até hoje. Tem a serenidade de Vicente Feola, técnico campeão do Mundo pelo Brasil em 1958 na Suécia; tem a competência de Aymoré Moreira, técnico bicampeão do mundo pelo Brasil em 1962 no Chile. E foi assim, com a simplicidade dos gentis e a grandeza das almas generosas, que tocou o coração dos seus ungidos. E, do bagaço de um seleção decomposta pelo fracasso na Copa de 2014, ergueu um grupo que líder terminou as eliminatórias para a Copa na Rússia. Liderança incontestável, conquistada a cada jogo. Venceu a desconfiança, recuperou o crédito, retomou a magia. É ágil, versátil, com diversificadas propostas. Uma esperança responsável, sem os arroubos do ufanismo nem o medo dos pusilânimes. Uma equipe forte, preparada dentro da realidade, conhecendo a fundo suas virtudes e limitações. A base para a estreia é a que os brasileiros sabem de cor: Alisson; Danilo, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Casemiro, Paulinho e Philippe Coutinho;Willian, Gabriel Jesus e Neymar. A Suíça fixou na história um ferrolho, que amarra, que irrita, que trava a porta. Concepção de Karl Rappan na Copa de 1938. Mas a moderna Suíça de hoje tem o talento do meia Shaqiri, do Stoke City; o atacante Severovic, do Benfica; Lichtsteiner, lateral da Juventus; Xhaka, meia do Arsenal. É prudente, mas também responde com notável precisão. Amanhã o reencontro do Brasil com a Copa. É a 21ª participação. Tem time para ganhar. Voltou a ser favorito. Mas, num torneio assim de rápida duração, há mil mistérios. Quem mais rápido os desvendar mais próximo estará do pódio. Na Copa, nem sempre o talento basta. Nem sempre a experiência basta. O título é reservado a predestinados. Amanhã, no gramado da Arena Rostov, estará a esperança brasileira. e, do bagaço de uma seleção decomposta pelo fracasso na Copa de 2014, ergueu um grupo que líder terminou as eliminatórias para a Copa na Rússia.