Tom Barros: Em Moscou, França ergue o segundo 'Arco do Triunfo'

Terminou com festa francesa a Copa do Mundo na Rússia. No jogo a Croácia produziu melhor, bem melhor. Foi superior mesmo, mas os franceses foram cirúrgicos nos lances decisivos. E disso tiraram a vantagem que garantiu a vitória (4 x 2) e o título.

Uma França campeã, mas sem aquele brilho espetacular das grandes seleções. Jamais um "Carrossel Holandês", jamais um "Tic-Tac Espanhol". Uma campeã não revolucionária. Uma campeã comum, mas com talentos como Griezmann, Mbappe e Pogba, que acabaram fazendo a diferença. Eles acertaram, quando tiveram de acertar.

Após Lloris erguer a taça, seguiu-se a comemoração à maneira deles. Os novos vencedores levados ao pedestal da glória. Lutaram. Buscaram. Conseguiram. Não sei se, por uma pontinha de inveja, ao vê-los com a taça nas mãos, muitas perguntas fiz a mim mesmo. Muitas lembranças trouxe a mim mesmo. Por que não a Seleção Brasileira ali? A Canarinho não poderia ter chegado lá? Conclui que não.

Mas aí vieram as imagens de tantos títulos conquistados pelos gramados do mundo. De Bellini na Suécia em 1958 a Cafu no Japão em 2002. E o povo brasileiro feliz nas praças, nas ruas e vielas. Nas cidades e nos campos. Povo feliz ainda que por pouco tempo, mas verdadeiramente feliz. O instante em que esquece as mazelas, as angústias, a bagunça econômica e a deterioração política. Orgulha-se de seu país. Julga-se o melhor dos melhores. Senhor dos senhores, usando o mando amarelo dos reis do futebol.

Foi uma miragem, gente. Só uma rápida miragem. Saio do passado e volto ao presente. No Estádio Luzhniki, ao lado da alegria francesa, a tristeza croata. Modric, Rakitic, Perisic, e Mandzukic, que silenciaram Londres e Moscou, agora se recolhiam ao seu próprio silêncio. Embora brilhantes, destemidos e qualificados, sofreram a dor no último ato.

Hoje o mundo volta ao normal. Mas volta com algumas mudanças. Mbappe, campeão, maior que Neymar; Modric, melhor da Copa, maior que Messi e Cristiano Ronaldo. O Brasil voltou menor. Não tão menor quanto o arrasado pela Alemanha em 2014. Mas volta tendo de repensar a vida. As lições, que o técnico Tite tomou, certamente o farão corrigir o rumo. Neymar terá de dar um basta nas muitas bobagens que somente geraram aborrecimentos e críticas.

Estão aí quatro anos para trabalhar. Isso se não quiserem no Catar ouvir outra vez a Marselhesa...