Tom Barros — dolorosa viagem de volta: a esperança ficou com a Bélgica

Tristeza. E bote tristeza nisso. Não poderia usar outra palavra para traduzir a eliminação do Brasil ontem em Kazan na Rússia. Frustração maior porque, a meu juízo, a Canarinho tinha potencial para continuar. Mas foi a Bélgica que seguiu em frente. O time belga tem qualidade. Sabe explorar bem o talento de Hazard, De Bruyne e Lukaku. Mas foi também beneficiada pela sorte: logo no início do jogo sofreu uma bola na trave; depois recebeu de presente o gol contra de Fernandinho. Uma espécie de "dupla-sena" que animou o time europeu e mexeu com a estrutura emocional dos brasileiros. Aí veio o desespero contra o tempo. O Gol de Renato Augusto ainda trouxe esperanças, mas essas, pouco a pouco, foram se diluindo no desperdiçar das oportunidades em conclusões de Neymar, Phillippe Coutinho e Renato Augusto. E assim "Acabou...!" como no dizer do narrador Galvão Bueno. A Bélgica teve méritos. O principal deles: a postura tática perfeita, adequada às condições do jogo. Fez o que lhe interessava. Na fase final correu riscos, mas segurou o placar. Classificou-se. Fica. O Brasil volta para casa. No olhar de Tite a dolorosa tristeza da eliminação. O Tite, antes vencedor, agora num momento de amargura. Cito o olhar de Tite como se o olhar dele não fosse também o olhar amargurado da família brasileira. Ela queria pelo menos no futebol a alegria que lhe é negada no dia a dia pelos tormentos de uma crise econômica sem fim. A eliminação doeu mais porque o Brasil teve as chances para assinalar os gols necessários a uma virada espetacular, mas teve também a trave da Bélgica e o goleiro Courtois pelo caminho. Em meio à decepção, um consolo: desta vez, a Seleção Brasileira caiu, mas caiu com dignidade, com altivez, lutando com brio até o fim. Apagou a humilhação sofrida em casa na Copa do Mundo 2014. Restaurou a credibilidade de seu futebol perante a comunidade internacional. Fez melhor campanha que seleções poderosas como Alemanha, Espanha, Argentina e Portugal. Agora não mais importa buscar culpados. Melhor que se deter na análise de possíveis erros de Tite e de seus comandados, é estudar as virtudes dos vitoriosos, máxime com relação à preparação física e aos avanços táticos que alcançaram. Aprender mais é sempre uma virtude. Passou, gente. Encerro essas observações, usando a mesma frase que abriu o texto: Tristeza. E bote tristeza nisso.

Em meio à decepção, um consolo: desta vez, a Seleção Brasileira caiu, mas caiu com dignidade, com altivez, lutando com brio até o fim.