Pela primeira vez nesta Copa a Seleção Brasileira entra em campo sem poder perder. Só a possibilidade de voltar para casa hoje dá aquele friozinho na barriga. Medo da vergonha de buscar alegria e trazer tristeza; sonhar com o título e trazer eliminação; antever a glória e curvar-se ao fracasso. Tudo a definir em noventa minutos e acréscimos, sem direito a falhas. Seria frustração semelhante à vivida na Copa de 1966 na Inglaterra quando a Canarinho foi despachada no seu terceiro jogo. Assim, é melhor alimentar o otimismo responsável, realista. E entender que os times médios estão complicando. É nosso dever encarar a Sérvia como a Sérvia é: nem genial nem mambembe. Uma Sérvia que trafega na faixa intermediária do rígido futebol europeu. Faixa onde também se situam Croácia, Suíça e Suécia que estão na atual Copa. Boa parte dos jogadores da Seleção da Sérvia atua em times da Inglaterra, Itália e Alemanha. Portanto, atletas experimentados nas duras competições do Velho Mundo. Certamente Tite já alertou para as dificuldades que seus comandados terão. Poderá ser mais ou menos como mostrou a Croácia no primeiro tempo do amistoso recente com o Brasil, no qual marcou em cima, na saída da bola. E deu muito trabalho. Temo por Neymar. Não faltará sérvio para bater, provocar e irritar o já por natureza irascível ídolo brasileiro. Resta uma dúvida sobre que alterações Tite poderá fazer, máxime diante de tantas especulações anunciadas. Algumas produzidas por ilações, outras por invenções, outras mais por essas duas coisas conjugadas. Interessante se o Brasil não se apegar à vantagem de jogar pelo empate. Esse tipo de vantagem é um dos mais traiçoeiras do futebol, comparável às ciladas dos piores inimigos, atocaiados à espera de suas vítimas. Foi com a vantagem do empate que o Brasil perdeu para o Uruguai a Copa de 1950, ante 200 mil atordoados torcedores. Saber usar a vantagem do empate será sabedoria para atrair o adversário que precisa ganhar. É daí abrir espaços para Neymar, Phillippe Coutinho e Gabriel Jesus. Buscar a vitória hoje, desde o primeiro minuto, é obrigação da Seleção Brasileira. Respeitar a Sérvia, mas colocando-a no seu devido lugar. A Canarinho precisa fazer-se senhora do espetáculo, mas sem soberba, sem ar esnobe. Observai o que diz o Mestre: "Quem se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado" (Lucas -18.14).
É nosso dever encarar a Sérvia como a Sérvia é: nem genial, nem mambembe. Uma Sérvia que trafega na faixa intermediária do rígido futebol europeu.