Tom Barros: A memória é traiçoeira

O calendário futebolístico do Brasil é longo. Há os certames estaduais, Copa do Brasil, Copa do Nordeste, Séries A, B, C, D, copa disso, copa daquilo... Então como saber quem verdadeiramente foi o melhor do ano, um período tão longo. Entendo que alguns se sobressaem em determinados momentos e, por isso mesmo, ganham maior visibilidade. Mas o julgamento por um ano completo não é fácil. Além disso, há as circunstâncias que diferem. Há que se observar também a qualidade técnica dos campeonatos. Ainda assim o cronista tem que opinar. De minha parte tenho dificuldades ao elaborar a lista anual. Eu a faço por dever de ofício. Reconheço, porém, que não raro cometo enganos. A memória é traiçoeira.

O mundo

O melhor de 2017 foi Cristiano Ronaldo. Ele fora também o melhor em 2008, 2013, 2014 e 2016. Portanto, foi penta. Igualou-se a Messi. Tudo bem. Mas o mundo é muito grande, gente. Por que só são eleitos os jogadores das bandas europeias, lá dos patrocinadores fortes? É a vida.

Edmundo

Lembro uma vez em que Edmundo, no auge da forma, então no Vasco e na Seleção Brasileira, jogando mais e melhor que os maiores ídolos de então na Europa, sequer foi lembrado para a lista dos melhores do mundo. Se, na época, ele fosse do Barça ou do Real teria sido eleito o melhor do mundo. Por que somente se de times de lá?

Recordando

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25 de novembro de 2007. Assim se passaram dez... Estádio Bento de Abreu em Marília/SP. Marília 1 x 2 Fortaleza, última rodada da Série B. Jogadores do Fortaleza comemoram o gol de Paulo Isidoro, o da vitória. O Fortaleza terminou a Série B em 5º lugar com 56 pontos. (Colaboração de José Maria, do setor de pesquisa do Diário do Nordeste).

Destino

Hoje, um ano da tragédia com a Chapecoense. Meditei. Num avião que cai e mata dezenas de pessoas, há sobreviventes. Como pode? Um inglês também saiu de tragédia assim. E foi campeão do mundo: Bobby Charlton. Em 1958 o avião que conduzia o United caiu. Matou oito atleta. Bobby gravemente ferido escapou.

Destino II

Em 1966 Bobby Charlton a todos encantou na Seleção da Inglaterra campeã do mundo. O destino: dos escombros para a glória. Outros, da tragédia para o sepulcro. Quem poderá compreender os desígnios de Deus? Conheci Charlton na Copa da Itália em 1990. Ele comentava para a TV inglesa. Impressionante.

Revelação

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Raul teve um ano muito bom. Jovem, consciente, comprometido com a profissão que abraçou, certamente consolidará sua carreira no futebol de alta performance na Série A nacional 2018. Tem tudo para vislumbrar novos horizontes, haja vista, estar bem orientado dentro e fora de campo.

Dor infindável. Há um ano o Brasil recebia a notícia da tragédia: a queda do avião que matou quase todo o time da Chapecoense. Hoje, um ano depois, a reflexão. Em campo o time se superou. Contornou sofrimentos e dificuldades. Manteve-se na Série A nacional. Mas também permanecem a dor e a saudade, lembranças e relembranças. Se na equipe o recomeçar foi penoso, difícil, imaginem o recomeçar no seio das famílias que perderam seus entes queridos. Uma dor infindável.