Vocação para herói
A história que uniu para sempre Ceará e Sérgio Alves tem mais de 15 anos. O flerte começou em Caruaru-PE, quando Sérgio era do Central. O Ceará foi lá e sofreu goleada. Sérgio marcou três ou quatro gols. E, por mais paradoxal que pareça, desde então os destinos de ambos permaneceram entrelaçados. Foram idas e vindas, títulos e vitórias memoráveis. Sérgio notabilizou-se e caiu de vez nas graças da torcida porque nos clássicos diante do Fortaleza deixava a sua marca. Raro o clássico em que não assinalava gol no Leão. Um homem predestinado a ocupar lugar especial no coração da galera alvinegra. Juntos selaram aliança de perenidade que nem o tempo quarentão permite terminar. O episódio de sábado, quando no último minuto fez o gol da vitória sobre o Brasiliense, foi a sábia junção de fé, amor e lealdade. Inspiração de um homem vocacionado para ser eternamente herói alvinegro.
O pedido
A torcida conhece o ídolo. Quando gritou seu nome, sabia o que estava pedindo. PC Gusmão, inteligente, não lê apenas o jogo. Cuidou de ler também a alma do torcedor. Não hesitou. O bom treinador tem de apresentar sensibilidade aguçada. PC preparou Sérgio, tal como a torcida pedia. "A voz do povo é a voz de Deus". Deu certo.
Destaque
O nome do futebol cearense na rodada de sábado foi Boiadeiro. Um show de bola. O melhor dentre todos. Os passes para os gols de Misael e de Sérgio Alves foram de um precisão milimétrica. Além disso, ele esteve incansável no apoio pela direita. Às vezes, também chegava na diagonal. Destaque, com louvor.
Alerta
O gol contra de Anderson por pouco não pôs tudo a perder. Erro perdoável, mas que serve de advertência para as próximas jornadas. Alerta geral. É inadmissível falta de comunicação ou comunicação imprecisa entre zagueiros e goleiro.
Paulistas
O Ceará pegará amanhã a Portuguesa, o primeiro dos quatro times paulistas que estão no caminho dele. No momento, três dos quatro ainda sonham com chances no G-4. A Portuguesa (6º lugar) é a mais próximas. Bragantino e Ponte Preta têm chances mais remotas. O Guarani está numa boa (2° lugar). Hora de ver se procede a denúncia do presidente do Bahia, Paulo Carneiro, segundo a qual os times paulistas são beneficiados pelas arbitragens.
Finalização
Foi notória a dificuldade do Ceará nas finalizações, quando tentou e teve condições de "matar" o jogo. Aí se vê o quanto a presença de Mota é fundamental.
É luta
Ontem, no aniversário de 91 anos do Fortaleza, muita apreensão. A frustração de sábado, com a derrota para o América, impediu a expansão de alegria que vinha na retomada por tantas vitórias seguidas. Mas o Leão não pode esmorecer. Enquanto a vaga depender exclusivamente dele, deve acreditar e lutar até às últimas instâncias.
Recaída
A cobrança de Roberto Fernandes certamente será mais forte no sistema defensivo que teve uma recaída. A dupla desatenção lembrou o tempo em que a fragilidade desse setor comprometeu a campanha como um todo.
Concorrentes
As dificuldades fazem parte do atual momentos dos clubes que estão na zona de rebaixamento, bem como dos que próximos dela estão. Basta ver que Campinense, ABC, América e Fortaleza foram lanternas. E saíram da zona. E voltaram. Oscilação que deve continuar até o final do certame, já pela qualidade dos adversários. Ninguém pegará tempo bom.
Saída da zona
O Fortaleza poderá deixar a zona maldita já na rodada de amanhã. Basta ganhar do Atlético-GO, fato perfeitamente possível, e ver tropeço do América diante do Juventude em Caxias do Sul. Interdependência de resultados e sofreguidão até fim. Incrível.
Forças
Mesmo experimentando fase negativa, o Fortaleza deve continuar buscando forças nos marcantes exemplos de uma história que começou há 91 anos. Não faltam lições de dedicação e bravura que levaram o time a reviravoltas sensacionais. Hora de apelar para a "mística daquelas camisas" ou para inspirações transcendentais. Acreditar, acima de tudo.
Recordando
1962. Seleção Cearense, 3º lugar no Campeonato Brasileiro, atrás apenas do Rio e de Minas. A partir da esquerda (em pé): o segundo é o técnico Janos Tatray, William, Alexandre, Aloísio, Evandro, Carneiro e Surubita. Na mesma ordem: Carlito, Gildo, Mozart, Charuto e Baíbe. (Acervo de Jurandy Neves).
"Esperei muito por este momento. Deus foi bondoso comigo".
Sérgio Alves, analisando seu gol e a vitória sobre o Brasiliense
Atacante ídolo do Ceará