O retorno
O futebol cearense é pródigo em trazer de volta jogadores e técnicos que por aqui passaram. Aceito a situação quando os fatos comprovam a competência de quem é novamente chamado. Agora mesmo foram reabilitados dois técnicos que, não faz muito, perderam seus cargos: o primeiro foi Zé Teodoro; o segundo, Play Freitas. Zé retornou ao Ceará; Play, ao Icasa. Esses episódios remetem a lições que devem ser meditadas. Não se pode, de cabeça quente, tomar decisão sobre a demissão ou não de treinador. Se Evandro Leitão tivesse tido um pouco mais de paciência, certamente teria evitada o desconforto de demitir Teodoro; se Zacarias Silva tivesse tido mais serenidade, também não teria mandado embora Play Freitas. Assumir erros é digno. Mas muito melhor do que assumi-los é evitá-los. O intervalo entre a saída e o retorno de um treinador pode ser exatamente o tempo de que precisaria para pôr o time em ordem.
Exemplo
Se todo jogador que aqui chegasse fosse como Marcelo Nicácio, não haveria reclamação. Ele prova isso a cada jogo. Mais importante foi quando assumiu a condição de, como atleta mais experiente, chamar para si a responsabilidade de orientar os mais jovens do grupo.
Lição
Marcelo sempre tem marcado presença nos momentos de definição do Fortaleza. Mostrou como, com calma e talento, transforma situações adversas em vitórias inesperadas. Foi assim em Boa Viagem. Dura lição aos jogadores do Galo do Sertão que não souberam definir.
E agora?
Após a derrota em casa por 3 a 0, alguém ainda acredita na classificação do Boa Viagem diante do Fortaleza? Pode até ser. Mas somente entre aqueles que nutrem no cantinho da alma a esperança de zebras monumentais. O Leão enfrentou o Galo três vezes. O Leão ganhou três vezes. Iria agora perder duas seguidas, ou seja, no tempo normal e na prorrogação? Não acredito.
Repercussão
Outro aspecto importante é saber té que ponto o fracasso no primeiro jogo comprometeu a autoconfiança dos jogadores do Boa Viagem. Nesta parte, caberá ao técnico Danilo Augusto trabalhar o grupo para evitar a definitiva prostração. Nada fácil.
Artilharia
Embora todos os números e fatores sejam favoráveis ao Fortaleza, o futebol não permite antecipadas classificações. O Boa Viagem está na UTI, mas não morreu. Mas, para ter esperança ainda que remota, terá de acertar a artilheira que fracassou no jogo passado.
Mesma procedência
Coisas do futebol. No ano passado, o Ceará contratou o lateral-direito Izaquiel, que fizera ótimo trabalho no Horizonte, sob o comando de Argeu dos Santos. Izaquiel, carinhosamente chamado de Zequinha, sofreu contusão e depois, mesmo recuperado, não teve a oportunidade merecida.
Coincidência
Agora o Ceará contratou o lateral-direito Andrezinho que também fez ótimo trabalho no Horizonte, sob o comando do mesmo Argeu dos Santos. Coincidência pura. Torcemos para que Adrezinho tenha melhor sorte e corresponda no Vozão.
Sem explicação
Sobre Izaquiel, o jogador quando deixou o Ceará reclamou da falta de oportunidade. Chegou a dar entrevista, afirmando que estava recuperado da contusão e com muita vontade de jogar. Seu apelo foi como grito no deserto. Até hoje não entendi a razão por que acabaram mandando Izaquiel embora.
Recuperação
Consenso entre os torcedores alvinegros: a possibilidade de o Ceará ganhar o título 2009 passa necessariamente pela plena recuperação da dupla de zaga Fabrício e Erivelton. Motivo simples: foi exatamente pela segurança dessa dupla que o alvinegro conseguiu êxito na retaguarda.
Consciência
O jogador consciente sabe quando não está bem. Numa autocrítica, pode decidir se deve ou não pedir afastamento por um certo período até alcançar a recuperação. Poucos atletas têm coragem de agir assim. Quem teve a dignidade de fazer isso certa feita foi Julinho, ponta-direita da Seleção Brasileira nas décadas 50/60.
"Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito".
Jesus Cristo, na cruz
Evangelho de Lucas, 23,46