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Reflexão

O Fortaleza festejou sua permanência na Série B. O estádio lotado como se fosse uma decisão de campeonato. Torcedores entraram em campo para abraçar os jogadores, após a vitória por 3 a 0 sobre o Brasiliense. Tudo isso justificado pelo fato de o time ter escapado milagrosamente, após dias pendurado à beira do abismo. Motivo, sim, de alegria. Mas cabe aqui uma reflexão. Alegria pela maneira como se saiu de uma incrível situação de desvantagem. Até aí tudo bem. Compreensível a comemoração. Mas, a rigor, permanecer na Série B é no mínimo obrigação dos representantes cearenses. Vai daqui um alerta: não vamos nos acomodar na segundona. Se aprendermos a saudar a permanência na Série B como algo extraordinário, jamais sairemos dela. Extraordinária foi a reação do Fortaleza nas duas rodadas finais da disputa, não a sua permanência na Série B. É bom separar devidamente as duas situações.

Comemoração

Lembro que o Ceará também já comemorou efusivamente a sua permanência na Série B. Foi há alguns anos, numa situação semelhante à do Fortaleza. O Vozão tinha que obrigatoriamente ganhar da Tuna no PV. Começou perdendo o jogo. Virou a partida. Ganhou.

Briga

A Tuna começou ganhando. Quando o técnico Lira sentiu que tudo estava dando errado, encarou o árbitro Valdomiro Matias. Os dois se atracaram em campo. Briga feia. Depois disso, a torcida do Ceará despertou e levou o time à vitória no PV. Mas foi um sufoco.

Exigência

A comemoração da torcida do Ceará naquele ano também não foi pela permanência na Série B, pois era sua obrigação, mas pela forma como conseguiu, na última rodada, evitar o rebaixamento. Compreendo esse tipo de comemoração que vem como um desabafo. Mas precisamos exigir do Ceará e do Fortaleza futebol para subir, não para apenas ficar na segunda divisão.

Etapas

A campanha do Ceará no turno foi boa. Rondou diversas vezes o G-4 e até deu sinais de que poderia subir. No returno, porém, o time entrou em declínio e não conseguiu acompanhar os líderes.

Destaques

Creio que, com um pouco mais de audácia nas contratações, o Ceará poderia ter mantido o padrão do turno. E mais: não atribuo o declínio apenas à saída de Luís Carlos e Ciel. Estes fizeram falta, sim. Entretanto, a queda de produção foi coletiva, envolvendo os diversos setores da equipe.

Planejamento

As lições de 2008 estão aí. O tardio aproveitamento de Ederson também fizeram com que o alvinegro desperdiçasse a chance de ter crescido em criatividade e produção. Erros assim, evitáveis, terminaram trazendo conseqüências desagradáveis. Teimosia também tem um preço.

Desajuste

No Fortaleza, o ´racha´ no alto comando contribuiu para que o time despencasse de rendimento. Nessa parte, nada de alegar apenas os atrasos salariais. Na verdade, a insegurança passa aos atletas quando estes notam a existência de desavença entre dirigentes. Aquela saída de Marcelo Desidério, tal como aconteceu, deixou seqüelas.

Rumo

É hora de repensar tudo. O principal objetivo do futebol cearense não foi alcançado, ou seja, subir para a Série A. Agora será preciso mudar de rumo. O modelo adotado este ano não logrou êxito.

Estadual

Será possível montar um time a partir do Campeonato Cearense e segurá-lo para o Campeonato Brasileiro 2009? Seria o ideal, desde que houvesse o imediato ingresso dos reforços para Série B, haja vista a grande diferença de nível técnico entre as duas competições.

Problemas

Sei que manter um time não é fácil, haja vista o poder aquisitivo dos maiores centros que contratam em pleno transcorrer das disputas os destaques das competições. E assim vão mutilando esquemas que não resistem às elevadas ofertas financeiras. Jogadores vão embora aos primeiros acenos. Taí problema sério.


"A torcida pode esperar por um Corinthians forte, sério, que disputará tudo no ano que vem."

Mano Menezes
Técnico do Corinthians