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Esperança

Parecia uma barreira invisível montada pelo azar a favor do São Caetano. O Fortaleza bombardeou e criou incontáveis chances desde o início do jogo. Mas teimosamente a bola não entrava. Léo Jaime mandou na trave. Mateus mandou na trave. Impressão de que os maus presságios seguiriam até o fim. Algo sobrenatural a impedir que o Fortaleza chegasse à vitória. Mas fazem parte do futebol as surpresas nos instantes derradeiros. E ontem não foi diferente. Aos 46 minutos do segundo tempo o gol de pênalti, convertido por Osvaldo. Vitória apertada, Leão 1 a 0, mas de alta significação para quem precisava dos três pontos, visando a evitar a prostração e o fim. O Fortaleza foi melhor que o São Caetano. Este ficou limitado ao jogo aéreo para Tuta. Lins e Finazzi entraram, mas nada fizeram. Desta vez, o tricolor foi todo coração com Tiago Cardoso, Medina, Zé Eduardo, Eusébio, Erandir e Osvaldo. Esperança continua.

Personalidade

Confesso que temi pela sorte de Osvaldo, quando o vi preparado para bater o pênalti. O garoto perdera um, importante, no jogo anterior. Agora, o tudo ou nada. A esperança ou o rebaixamento. Ele foi lá, com a convicção de quem tem coragem, bateu. E fez. E vibrou.

O melhor

Osvaldo fez o gol e manteve as esperanças tricolores. É assim que um jovem se impõe, ou seja, não tremendo nos momentos de definição. Osvaldo, o melhor do jogo, foi também o atleta que provou ter força interior, capaz de assumir a responsabilidade na hora mais difícil.

Demora

A rigor, gostei da produção do Fortaleza como um todo. Entendo até que, se não tivesse pecado tanto pela afobação, teria conseguido vitória mais folgada. Heriberto mexeu bem, mas, na minha interpretação, demorou demais na substituição de Adailton por Léo Jaime.

Derrota

Mais uma vez o Ceará perdeu fora de casa. Parece uma sina. O alvinegro até começou bem, com boas jogadas de Lúcio. Mas não passou disso. Fiquei impressionado com a torcida do CRB. O time alagoano já rebaixado, mas torcida vibrando como se alguma chance ainda tivesse. Incrível.

Elogio

Simpática a atitude de Eugênio Rabelo, ex-presidente do Ceará Sporting Club, ao elogiar o trabalho que Evandro Leitão, seu sucessor, vem desenvolvendo em Porangabuçu. Eugênio aproveitou a oportunidade para falar também de sua contribuição no êxito que Evandro vem alcançando. E especificou alguns pontos.

Só dois

Eugênio lembrou que, ao assumir a presidência do Ceará, só havia dois jogadores no elenco: Sidney e Moré, além de uma dívida imensa para pagar. Ele cuidou de sanear a situação. Não resolveu o problema na sua totalidade, mas passou a Evandro um Ceará em condição muito melhor do que a que ele, Eugênio, encontrara.

Etapas

Realmente foi importante o trabalho de Eugênio Rabelo no Ceará. Isso é incontestável. Também tem sido importante a seqüência dada por Evandro Leitão, máxime porque, quando assumiu a presidência, havia grave divergência interna que Evandro conseguiu superar.

Aperfeiçoamento

Não por outro motivo escolhi Evandro como o melhor dirigente de 2008. Saber dar seqüência ao que o antecessor deixou já é uma virtude. Mais virtude ainda quando conseguiu aperfeiçoar e modernizar as propostas já existentes.

Sentimento

Elizabeth Fontenele copiou as principais frases de Ronaldo Angelim, que, num programa de TV, declarou amor pelo Fortaleza. Emotivo, quase chorando, Angelim, ao analisar a situação do tricolor, baixou a cabeça e não mais conseguiu dizer nada, tal a tristeza que tomou conta do atleta.

De Angelim

´Joguei muito tempo no Fortaleza. Quando cheguei, a gente jogava na 3ª divisão. A gente conseguiu deixar o Fortaleza na 1ª divisão. Vou torcer para que ele fique na 2ª divisão´. ´O Icasa me revelou. Mas foi no Fortaleza onde joguei mais tempo, 5 ou 6 anos. E onde tive um dos maiores desempenhos. De lá saí para o Flamengo.´

"Zagueiro que todo árbitro quer. Não reclama. Rápido, chega na bola, não no adversário".
José Roberto Wright, sobre Ronaldo Angelim
Comentarista de TV e ex-árbitro