Matéria-588467

Maioria cearense

No início de cada ano, sempre renovo a esperança de ver os times cearenses na Série A do Campeonato Brasileiro. Mas, antes de dezembro, logo chegam as desilusões. No lugar da festa por subir, a acomodação de ficar ou o medo de cair. Aí as verdades vão sendo reveladas. Quando em 2002 o Fortaleza ganhou a vaga para disputar a Série A de 2003, a maioria do time era de cearenses. Lá estavam Jefferson, Chiquinho, Ronaldo Angelim, Dude, Mazinho Lima, Erandir, Clodoaldo... Já agora, analisando jogadores que brilharam no futebol cearense deste ano, imaginei que Izaquiel, Júnior Cearense, Raul, Piva, Léo Jaime, Paulinho, Eusébio, Dedé, Esquerdinha, Vavá, dentre outros, dariam contribuição para a ascensão do Ceará ou do Fortaleza. Mas contusões, cartões e posição de alguns treinadores resultaram em mais uma frustração. Se em 2002 foi possível subir com maioria cearense, por que abandonaram a idéia?

Demora

Dentre os casos que chamaram atenção, cito os de Izaquiel e Esquerdinha, laterais que deram show de bola no estadual. O tempo passou, contusões impediram o êxito de ambos e tudo terminou sem proveito para os clubes e para os atletas. Incrível frustração.

Chances

Izaquiel, depois de longo tempo de recuperação, apresentou-se pronto para jogar. Queria jogar. Mas o técnico Lula Pereira não deu ao atleta as oportunidades que ele pediu. Izaquiel terminou emprestado. Saiu lamentando o fato. E não houve mais explicações.

Posição

Quanto a Dedé, aproveitado na lateral-direita, teve seus momentos bons. A improvisação revelou a versatilidade do jogador, mas, a rigor, o brilho de Dedé no campeonato estadual foi como volante. Inclusive, não raro, com tiros fortes de fora da área. Ainda bem que foi aproveitado, embora fora da posição de origem.

Capacidade

Hoje, um time formado por maioria cearense seria capaz de repetir o feito do Fortaleza em 2002, ou seja, subir para a Série A? Creio que dependeria de prévia preparação. Com um pouco mais de experiência, estão aí Ederson (lamentavelmente, contundido), Bambam, Adailton, Osvaldo. E virão mais valores que os times do interior revelação no ´estadual´.

Celeiro

Não quero crer que o futebol cearense, indubitável celeiro de bons valores, tenha de recorrer sempre à importação em massa. A situação precisa ser muito bem estudada para 2009.

Drama

Segue a angústia do Fortaleza. Na derrota para o Santo André, que bobagem fez Tiago Almeida ao reclamar do árbitro. Cavou a expulsão e reduziu a força de um time que já estava sendo dominado. A perda do pênalti por Osvaldo fulminou mentalmente a equipe.

Concorrentes

A sorte do Fortaleza reside no fato de seus concorrentes não terem ampliado muito a distância. O Criciúma vai encarar o Marília. E o América pega o Bragantino, que luta para chagar ao G-4. Nada fácil para os adversários diretos do Leão.

Dificuldade geral

As últimas esperanças do Fortaleza terão dura prova amanhã diante do São Caetano. Nem empate serve. Com a vitória do São Caetano sobre o Paraná, o time paulista viu reacender também sua esperança de chegar ao G-4. Para o Fortaleza a situação está complicada, mas para os concorrentes também.

Inviabilidade

Faz tempo, Marcos Lopes, no seu blog na Tribuna do Norte, admitiu a impossibilidade de Natal ser subsede da Copa, pois tanto a reforma do Machadão quanto a construção de um novo ficaram inviáveis. Além disso, a prefeitura poderá ceder o Machadão ao América, via comodato.

Ponderações

O jornalista Vicente Estevam, também na Tribuna do Norte, lemboru que, como o ABC tem o Estádio Frasqueirão e o América poderá ficar por empréstimo com o Machadão, quem iria ao Estrelão? O novo estádio se tornaria obsoleto. Ponderações serenas. E servem de advertência, quanto aos gastos com a reforma do Castelão.

"Não podemos ter vergonha de comemorar um título. Os jogadores têm, sim, que comemorar".
Mano Menezes, após ser campeão da Série B 2008
Técnico do Corinthians