Episódios passageiros
Todos nós estamos sujeitos a uma breve interrupção de inteligência. Aquele instante parecido com um curto-circuito que coloca muita coisa a perder. Às vezes, por pura precipitação, o dirigente de futebol toma decisão inoportuna, perfeitamente evitável. O diálogo é instrumento democrático que jamais deve ser preterido. O cerceamento da liberdade de imprensa faz parte dos regimes de exceção e jamais deve ser admitido. Se alguém se sente prejudicado em razão de notícia divulgada através de jornal, rádio ou televisão, a lei garante direito de resposta. Na maioria das vezes, nem é preciso buscar a proteção judicial, pois um simples contato já resolve e encaminha o esclarecimento. Desde 1965, acompanho as reportagens no Ceará, time sempre aberto à imprensa, exceto quando de algum embotamento em Porangabuçu. Ainda bem que esses embotamentos são passageiros, assim como passageiros somos todos nós.
Vocação
Não faz parte da história alvinegra bloquear ou impedir o trabalho dos repórteres. A tradição do Ceará é a abertura, a transparência, o diálogo. Foi assim nos bons tempos de Euler Pontes, Eulino Oliveira, Franzé Morais, Fernando Façanha, Elias Bachá, dentre outros.
Diálogo
Quero acreditar que a incompreensão havida recentemente servirá de experiência para evitar que no futuro os dirigentes do Ceará, lúcidos e sensatos, não tropecem na mesma pedra. Devemos estar sempre vigilantes para evitar esses deslizes. É melhor o diálogo, gente.
Amizades
De forma involuntária, também cometo deslizes. Mas logo procuro corrigir o erro, rever conceitos e reparar o que for possível e estiver ao meu alcance. Reconhecer um equívoco faz bem à alma e ao coração. Desarma os espíritos, quebra os rancores e aproxima as pessoas. No esporte, tenho feito assim novas amizades.
Colocações
Meu relacionamento com Evandro Leitão tem sido bom, leal e respeitoso. Espero que ele, de forma serena, cabeça fria, reflita sobre as colocações aqui feitas. Admiro sua luta pelo Ceará. De certo modo, ele pode examinar onde tenho ou não razão. E disso, se entender conveniente, tirar algum proveito.
Equilíbrio
Guarany e Maranguape fazem hoje em Sobral o primeiro jogo da decisão da segundona cearense. Não há favorito. Ambos estão no embalo do retorno à elite. Hoje, a vantagem do Bugre é ter o Junco como palco. Mas a final será no Moraisão.
Pressão
A palavra mais recomendada aos tricolores é serenidade. Eu mesmo, desde domingo, tenho sugerido aos dirigentes do Fortaleza o equilíbrio necessário, isenção de ânimo, já para evitar tropeços externos e internos. Não pode o Fortaleza continuar lutado contra dois adversários ao mesmo tempo: um, visível, o time contrário; outro, invisível, a pressão psicológica.
Diferença
O presidente Lúcio Bonfim tem sido sincero. Cita o problema de caixa. Só há dinheiro para administrar com critério a atual situação. Há dinheiro limitado para, quando muito, duas contratações. Ainda assim, numa luta contra o tempo.
Limitação
Citei ontem aqui a colocação feita pelo ex-jogador e empresário Marciano. Neste período do ano, jogador bom está empregado. Não é fácil pegar gente boa disponível. Some-se a isso a limitação financeira.
Dispensa
Lista de dispensa é algo muito arriscado. Não raro, pela pressão ou por erro de percepção, são incluídos atletas que poderiam ficar e dar sua contribuição. Lembro quando o Ceará ia dispensar o Reinaldo Aleluia. Voltou atrás. Aleluia ficou e foi um baluarte na conquista do título.
Outro exemplo
Muitas vezes, por um engano, você pode mandar embora exatamente aquele que, com um pouco mais de adaptação e de treinamento, seria a salvação do clube. O futebol está cheio de exemplos assim. Há alguns anos, o Cocada tinha sido dispensado pelo Flamengo. O Vasco o contratou. Cocada fez o gol do título vascaíno.
"Descrever o que foi Pelé é humanamente impossível. Foi a perfeição".
Gilmar dos Santos Neves
Goleiro da Seleção Brasileira, bicampeão mundial 1958/1962