Domingo passado, quando do jogo do Fortaleza no Estádio Beira-Rio diante do Internacional, vi a emocionada despedida do ídolo D’Alessandro, argentino que marcou época no Colorado. Bela festa. O carinho. O reconhecimento. D’Alessandro, com 41 anos de idade, encerrou sua brilhante carreira. Registros ficarão em vídeos, filmes, fotos e reportagens. Aí, mais uma vez, lembrei dos nossos grandes ídolos das décadas de 1950 e 1960. As novas gerações pouco sabem sobre eles. E, os que sabem, certamente ouviram relatos de seus pais ou avós. Dos vários que vi em ação, só há um livro biográfico a respeito. Trata-se do livro “Mozart: uma trajetória inquieta no futebol”, escrito pelo desportista Saraiva Júnior. Belo trabalho. E os demais ídolos? O tempo é cruel. Na medida em que passa, vai afastando a memória, se esta não for de alguma maneira preservada. Vi Gildo, Croinha, Pacoti, Alexandre Nepomuceno, Pipiu, Ivan Roriz, Aldo, Damasceno, Haroldo Castelo Branco, Zé de Melo, Harry Carey, Pedrinho Simões, Carneiro, Damasceno... Meu Deus, como está pobre a literatura cearense sobre os nossos ídolos. Sem falar nos ídolos das décadas de 1920, 1930 e 1940 que eu não vi jogar.
Pacoti
O desportista Edvardo Moraes, o Vavá, está concluindo a biografia do ídolo do Ferroviário, Pacoti. A propósito, estou concluindo também um texto a respeito desse notável atacante coral. Texto que será incluído no livro. Eu vi Pacoti jogar pelo Ferroviário e pela Seleção Cearense. Centroavante impetuoso. Tive mais contato com ele no tempo da Fugap. Ser humano excepcional.
Passaram
Alguns tipos especiais e queridos do nosso futebol também passaram sem registro. Gente de arquibancada, presente em todos os jogos. O vendedor de sanduíche, Marechal Dutra. O Toinho Coca-Cola. A Francisca preto e branco. O Mudinho, torcedor do Ferroviário. O Jaime, Tapioca. O Zé Limeira. A Tia Roma. O Tavares, torcedor do Ceará. O Isaías, torcedor do América.
Vídeos
Os ídolos de hoje têm suas histórias contadas no dia a dia. Fica fácil guardar as imagens que repetidas vezes são colocadas no ar. Há as redes sociais. Enfim, um mundo interminável de registros. Entretanto, a vida interior não é contada nas imagens dos jogos. Faltam detalhes como angústias, alegrias, verdades, decepções, ilusões, tragédias, triunfos, glórias, felicidades.
Livros
Só os livros, mediante pesquisas dos autores, trazem os fatos que a televisão não mostra. Não o jogador, o ídolo. Mas o homem, pobre mortal. O homem com seus defeitos e virtudes, diante dos desafios. Os seus medos. Os seus amores. Os triunfos e os fracassos na vida fora de campo. O antes e o depois. Ai só os livros.