A bola não tem desejo

Os graves erros de conclusão no jogo em Porto Alegre eu atribuo à falha de avaliação. De tão fáceis os lances, o jogador relaxa na hora da conclusão

Legenda: O Leão do Pici poderia voltar pra casa com três pontos, se não fosse a infelicidade na hora da conclusão
Foto: Bruno Oliveira/Fortaleza EC

Os lances de gols perdidos pelo Fortaleza no empate (0 x 0) com o Grêmio em Porto Alegre levaram a variadas opiniões. Ouvi que a bola caprichosamente não quis entrar. De outros, ouvi que a bola foi traiçoeira. Enfim, que a bola é isso, a bola aquilo. Ficou a impressão de que a bola tem inteligência e vontade. Como consequência, veio também a questão da sorte e do azar. O mundo do futebol comporta tudo. Tem superstição, mau olhado, agouro, peitica. Não me ligo nisso. Opto pela realidade da vida. O que houve foi um dia extremamente infeliz de Robson e Pikachu. Um apagão que tirou dos respectivos atletas o que eles têm de melhor: a vocação para assinalar gols. Não os posso chamar de incompetentes, pois em outras oportunidades demonstraram competência com belos gols. Os graves erros de conclusão no jogo em Porto Alegre eu atribuo à falha de avaliação. De tão fáceis os lances, o jogador relaxa, imaginando que o ato final acontecerá de forma natural, sem a necessidade de um zelo especial para evitar equívocos. Exatamente aí o equívoco acontece. No futebol o jogador tem que estar ligado numa tomada permanente. Se desligar por um segundo, pode ser o segundo da definição. Foi assim que aconteceu com Robson. Foi assim que aconteceu com Pikachu. Fica a lição.

Especial

Há defesas espetaculares, defesas milagrosas e defesas comuns. Eu não sei onde classificar a defesa praticada por Felipe Alves, quando pegou a cobrança de pênalti na Arena Grêmio. Dizem os especialistas que a “Defesa do Século” foi praticada na Copa de 1970 pelo goleiro da Inglaterra, Gordon Banks, que pegou a cabeçada fulminante de Pelé. Onde se situa a defesa de Felipe?

Substituição

Eu não sei a razão por que, no jogo diante do São Paulo, o técnico do Ceará, Guto Ferreira, substituiu Saulo Mineiro por Jael. O treinador tem seus motivos. Pode ter havido algo não de meu conhecimento que o levou a processar a mudança. Se não houve algum motivo especial, Guto cometeu grave erro de avaliação. Saulo está muito bem. Vai ser difícil perder a posição, caso continue jogando bem como está.

Dupla

Feliz o treinador que tem à sua disposição Vina e Jorginho, dois jogadores de elevada qualificação profissional. Cabe ao treinador descobrir a fórmula ideal para fazer com que os dois joguem bem, estando juntos na mesma formação. É um desperdício deixar um deles no banco. Os craques se entendem e se descobrem. E traçam os caminhos para grandes vitórias. Mote para reflexão.

Luto

A crônica esportiva cearense perdeu o narrador Miguel Messias que morreu ontem. Trabalhei com ele na Ceará Rádio Clube. Bom narrador. Tinha uma voz muito bonita. Ele era baiano. Radicou-se no Ceará, tendo trabalhado em várias emissoras de Fortaleza. Nasceu no dia 18 de maio de 1945. Estava, portanto, com 76 anos de idade. Ótimo profissional. Que Deus o receba. Fica a saudade.

 



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