Narcélio não deixa legado, é ele próprio o legado da informação responsável

O radialista Narcélio Limaverde morreu, na madrugada de quarta-feira (26), aos 90 anos. O profissional trabalhava na Rádio FM Assembleia e era locutor do programa informativo do Legislativo.

Fundamental. O direito à informação deve assim ser considerado em uma sociedade democrática. No Brasil, o direito à informação está previsto na Constituição Federal. Informação significa cidadania quando compreendemos que a participação popular em assuntos de interesse público depende do entendimento, ainda que elementar, que cada cidadão tem sobre quais estruturas e ações podem afetar a coletividade.

Por isso a imprensa é considerada essencial para as democracias. É através de profissionais comprometidos e cientes de sua missão em levar a informação ao maior número de pessoas, da forma mais transparente, que a imprensa realiza um trabalho de interesse público.

No Ceará, inúmeros são os exemplos de profissionais dedicados a promover a cidadania através de notícias, de reportagens, de entrevistas. Diversos são os profissionais compromissados com a verdade dos fatos, com a honestidade em cada linha redigida, em cada palavra dita ao microfone.

Esta semana, um dos mais fiéis operários da informação partiu para junto do Pai. Encantou-se, como diria Guimarães Rosa. Narcélio Limaverde, o locutor dos brotinhos para os que, como eu, são jovens há mais tempo, é um ícone do rádio cearense. Narcélio é. Assim, no presente. A grandeza de seu exemplo, de sua dedicação em garantir informação de qualidade é para sempre.

Narcélio iniciou sua caminhada profissional na Ceará Rádio Clube PRE-9, em 1954. Na fundação da primeira emissora de televisão deste Estado, a TV Ceará - Canal 2, dos Diários Associados, lá estava ele. O ano era 1960 e Narcélio se tornava o primeiro apresentador de televisão do nosso Ceará.

Carisma e talento

A Rádio Dragão do Mar tornou-se morada para ele em 1962. Seu carisma e seu talento fizeram história também na Rádio Jornal do Comércio de Recife, em Pernambuco. Em 1970, Narcélio passou a integrar a equipe do Sistema Verdes Mares, onde atuou na rádio e na televisão.

Narcélio passou, ainda, pelas rádios Uirapuru, Assunção e AM Cidade. Com o esmero que lhe era peculiar, trabalhou na Rádio FM Assembleia até pouco antes de nos deixar. 

Narcélio é um amigo, um companheiro na luta por uma sociedade que acolhe. Cada qual no seu ofício, caminhamos juntos nos equilibrando nos desafios. Narcélio é escuta atenta, é questionamento afiado articulado na gentileza comum aos que se preocupam genuinamente com as consequências de suas falas.

Narcélio Limaverde não deixa legado, é ele próprio o legado da informação honesta, da responsabilidade cidadã, do serviço público efetivamente pensado para o povo.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.