Desejo e vontade não são a mesma coisa; saiba a diferença

Saber diferenciá-los faz toda a diferença para sobreviver durante algumas emoções, especialmente, as sexuais

Desejo e vontade demandam verbos distintos, deu para entender? Eu sei que bagunça o coração de muita gente. 

 

Há muitas definições possíveis para o desejo e a vontade. Usando uma perspectiva psicanalítica, elas podem ser muito diferentes uma da outra.

Para explicar bem direitinho esse assunto, convidamos a Dra. Renata Giaxa, professora, pesquisadora e psicóloga que, de forma simplificada esclarece:

”O desejo nasce de conteúdos inconscientes ligados a marcas adquiridas ao longo de nossas histórias, por experiências dolorosas ou prazerosas que vivemos no passado.Já a vontade está associada à nossa capacidade de fazer escolhas racionais diante das diferentes situações que experimentamos no presente".

Desejo e vontade nem sempre caminham na mesma direção

É comum que sigam direções opostas.

Desejo sem vontade

Se considerar a parte da sexualidade vivenciada pelos estímulos sensoriais, podem vir a provocar reações corporais de excitação ou mobilizar um desejo súbito, sem que haja vontade consciente do ato sexual ou da masturbação. São exemplos disso: olhar uma cena, uma imagem, escutar uma música, ter um sonho ou, até mesmo, no contato da pele com a roupa, é possível que uma pessoa se perceba com lubrificação vaginal ou ereção, quando tais sinais, não necessariamente evidenciam vontade ou disposição legítima da pessoa para viver o ato sexual.

Viu, aí?

A lubrificação ou a ereção pode acontecer quando não há vontade de sexo naquele momento e pode, inclusive, não acontecer, justamente, quando se escolhe viver a experiência sexual, trazendo, em algumas pessoas, sentimento de culpa ou de frustração.

Consciência x Controle

Nem sempre há consciência ou controle sobre o desejo, embora, muitas vezes, é importante exercitar a capacidade de fazer escolhas sobre o que se quer ou não, e sobre o que se deve ou não fazer.

Quando não há diálogo, nem intimidade e nem respeito entre os parceiros sexuais, podem surgir conflitos, afastamentos e até situações de violência, que, frequentemente, tem recaído sobre a mulher.

Qual seria o “melhor dos mundos”?

A psicóloga conclui que é fundamental que nossas vontades, nossas decisões conscientes, sejam respeitadas pelo parceiro, uma vez que elas exprimem nossos limites psicológicos, físicos ou morais naquela relação, seja ela duradoura ou ocasional.

É importante ter consciência dos desejos para que a vivência da sexualidade e das relações de um com o outro sejam saudáveis e, quem sabe, mais livre das culpas e das frustrações socialmente impostas.