Com as mudanças no ambiente tecnológico, as tensões e disputas politicas nas redes sociais e a crise de representatividade dos políticos e da política, abriram-se novos espaços de debates e diálogos paralelos ao mundo formal e/ou orgânico dos espaços políticos formais.
Eu gostaria de compartilhar impressões sobre um destes novos espaços: o Flow Podcast, apresentado por Igor e Monark. Quem não conhece, procure conhecer e com certeza encontrará alguma “conversa”, como os mesmos gostam de definir, que lhe interesse.
Os números deles são fantásticos, tanto individuais como do programa, sem falar que recebem todos sem filtros: músicos, jornalistas, influenciadores, artistas, políticos, ativistas, tudo num clima literalmente de mesa de bar ou de uma lanchonete, como foi o meu caso.
Essa proposta aberta e plural cativou audiência fiel e ativa, que vai do moleque de 16 anos da quebrada lá das quadras até o meu amigo Luiz, de 12 anos, meu mais novo consultor de mundo das redes, filho de uma executiva de recursos humanos de uma multinacional. E, acreditem, essa galera, por mais jovem que pareça, está ligada em tudo e falando sobre muitas coisas que, com 15 anos, eu não imaginaria nunca me interessar.
Ainda sobre números, compartilho alguns para vocês terem ideia do impacto deles, que, além de dominarem a audiência, quase sempre rendem o prêmio de melhor podcast do país.
A começar pelos apresentadores, host como se fala no internetês, Igor e Monark têm mais de 1 milhão de seguidores cada no Twitter e mais de 500 mil seguidores no Instagram.
No YouTube, eles se dividem em três canais, a nave mãe Flow Podcast (2,9 inscritos e 25,1 milhões de visualizações), Flow Cortes (1,7 milhões de inscritos, 33,3 milhões de visualizações) e Flow Poop (257 milhões de inscritos, 15 milhões de visualizações). São alguns números que trago. Poderia dar mais, mas, como eles não me pagaram jabá, o foco é sobre porque, ao meu ver, eles atingem tanta gente, de maneira diversa e astral, com os mais diferentes temas.
Minha impressão sobre os três malucos se tornarem 3 milhões é que eles têm uma virtude na diferença e não um defeito ou algo a ser destruído. Tem de tudo no talk show deles, dos mais banais assuntos para alguns aos mais importantes para outros, é um mundo não pautado pela régua do letrado e culto enquanto dialoga e se desenrola com essa galera também.
Como torcedor de estádio que já presenciou tretas de torcidas, a sensação que tenho é de que o sucesso do Flow é levantar todos, tipo quando a polícia exerce a dispersão das massas sem controle, é bomba de gás e bala de borracha para tudo que é lado, aí todo mundo se move e se mexe, dos que têm culpa no cartório até os inocentes que não vão esperar o gás e a porrada comer. É tipo o Flow Podcast, levantam todos, todos se veem representados, todos se sentem escutados, todos se sentem acolhidos.
Talvez essa seja a maior lição que eles estão dando, criar um lugar onde não precisa gostar, não precisa concordar, mas todo mundo vai falar e trocar ideias.
Como nossa vida é se virar e fazer business, semana retrasada eu levei o Igor à nossa base da CUFA do Heliópolis, sob o comando do presidente da CUFA São Paulo, Marcivan Barreto. Entre becos e vielas, um filé “miau” no caminho bem feito, um cai duro e uma tubaína na lanchonete da favela, pensamos em construir um espaço ampliado de comunicação e escoamento da produção audiovisual a partir da favela, não é para fazer safári científico como se a favela fosse o laboratório, e os favelados os camundongos, nem turismo social, é a soma de saberes, competências e montar uma sociedade.
O que vem ainda não sei, mas parados não ficaremos, porque fazer pontes e somar as potências são o nosso forte. Foi um prazer conhecer vocês, amigos!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.