A situação do Museu do Crato comoveu no Cariri. Após chuva forte na semana passada, parte de uma parede do segundo pavimento foi danificada, o que levou ao isolamento do prédio. Agora, até mesmo pisar na calçada representa risco.
Foi o fato mais recente envolvendo um imóvel que já está interditado aos visitantes há bastante tempo. O espaço abrigou dois centros de memória do Crato: o Museu Histórico, que ficava no térreo, e o Museu de Arte Vicente Leite, no piso superior.
Nesta coluna, apontamos o quão contraditório é para uma cidade como o Crato, criada em 1853, uma das primeiras urbanizadas no Ceará, viver essa situação. Um município que, até com certa razão, procurava ser reconhecido como terra da cultura. Porém, o seu imóvel mais antigo vira ruína as olhos de todos. Enquanto segue longe das nossas vistas a beleza do acervo de artes plásticas encaixotado.
No sábado 9 de março, convidados por membros do Instituto Cultural do Cariri, moradores do Crato foram protestar pela situação do museu. Eles se reuniram na praça Siqueira Campos e depois foram até o prédio. Entre os presentes, estava Edilma Saraiva, restauradora que trabalhou na conservação
"São cinco obras que desapareceram. Eram as mais importantes: uma de Pedro Américo, uma do próprio Vicente Leite, que dá nome ao museu, e também José Maria de Almeida. Para quem conhece arte, sabe o valor e o peso dessas obras que estou citando", disse Edilma.
Gestão promete restauração
Nesta semana, o prefeito do Crato, José Ailton Brasil (PT), visitou o espaço ao lado de gestores culturias, ente eles Thiago Santana, presidente do Instituto Mirante, responsável pela gestão de outros espaços culturais no Ceará, como o Centro Cultural do Cariri.
Brasil afirmou que 7 licitações foram abertas, e ninguém assumiu a responsabilidade da obra diante da complexidade do imóvel, que tem arquitetura antiga. Porém garantiu que, com os últimos danos, foi decidido que uma empresa será contratada através de dispensa de licitação para a obra de reforma e restauração do prédio histórico.
"Pretendo, antes de terminar nossa gestão, resolver os problemas enfrentados por esse símbolo do nosso patrimônio histórico e arquitetônico. As peculiaridades do prédio, bem como seu aspecto histórico, têm burocratizado as intervenções que pretendemos fazer", afirmou o prefeito.