Estou indo pro aeroporto. Adivinhem porque? Tô indo pra Fortaleza fazer o meu chá de panela – que alguns estão chamam de chá bar porque não é exclusivo pra mulheres, vai ser todo mundo. Todo mundo mesmo que eu gostaria.
Confesso que estou particularmente satisfeita com a chegada desse dia. Já fui noiva uma vez, lá atrás, algumas coisas fechadas pro casamento. Não funcionou. Aí conheci o Gabriel e noivamos. Marcamos data e teve que ser adiado por conta da pandemia. E mais uma vez, adiado.
Preciso dizer que não é uma decisão tão simples como parece. Um adiamento envolve muitas coisas e se acontece por um término ou ruptura, do que seja, mais ainda. Se acontece sem data pra acontecer também é difícil. Envolve sonhos, frustra. E por incrível que pareça, a coluna de hoje não é sobre casamentos. É sobre adiamentos, sobre partidas, sobre chegadas.
Quantas vezes vemos nossos sonhos adiados? Você aí pode nunca ter desejado casar mas por alguma obra do destino ou até de alguém, há algum sonho seu que já deve ter sido adiado.
É estranho, dá um vazio enorme porque parece que o que sonhávamos nos preencheria (mesmo que não). Nesses anos, tenho escolhido acreditar que esses adiamentos tem um dedo de Deus ou do destino, que por algum motivo inalcançável à minha racionalidde foi adiado. Prefiro acreditar que o dia vai chegar. Mesmo que pareça uma eternidade.
Tantas coisas passam rápido mas as frutrações parecem fazer raízes, né? Bom... hoje estou aqui pra dizer que muitos anos depois – uns 15 depois de vários términos, uns 10 depois do que eu planejava quando novinha, uns 6 depois de um noivado falido, um ano e meio depois de um quase casamento, vai acontecer. O casamento é só em outubro. Mas o chá é como um começo, é como um sinal de: tá chegando!
O desejo sempre ficou guardado e no lugar, coloquei outras tantas outras coisas que poderiam preencher - não sabia quanto tempo demoraria a acontecer então tentei não deixar a frustração criar raízes tão profundas.
Assim também tem sido no trabalho, anos depois de anos de estudo pra concurso que nunca quis de verdade. Se eu for me alongar nos meus poucos anos de vida, posso dizer que uma hora chega. Chorei, sofri, continuei tentando e enfim, tem chegado a época da famosíssima colheita, pelo menos nesse aspecto sentimental. Há muitos outros, muitos outros em que me encontro desconsolada, outros no caminho, outros conformada, outros mudando de ideias, desejos e concepções.
Que depois de arrancadas nossas raízes, tomara que não tão profundas, que chegue seu dia, que chegue nosso dia.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora