As Olimpíadas de Tóquio, em 2021, serão um marco na história dos Jogos e do esporte. Além de a organização estar resistindo em meio à pandemia do novo coronavírus, as disputas serão as primeiras após um adiamento e devem consolidar mais um passo do longo caminho em busca da igualdade de gêneros. Estimativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) prevê que 48, 8% dos atletas sejam mulheres. Essa é a 10ª edição em que o número vem em crescente, desde Los Angeles, em 1984.
Um avanço numérico que acontece lentamente e precisa ser contextualizado. A proximidade da igualdade em números não necessariamente exprime o mesmo caráter igualitário em todo o processo até chegar ao ápice da vida esportiva de um atleta: as Olimpíadas. Salários, oportunidades, investimentos e condições de trabalho também precisam evoluir, para de fato chegarmos a uma equidade entre os gêneros.
Aqui no Brasil, a evolução da participação das mulheres nos Jogos se dá ainda mais lenta. A primeira foi apenas na 9ª edição da Era Moderna – vale lembrar que a primeira delegação nacional foi às Olimpíadas na 6ª, na Antuérpia, em 1920 – jovem nadadora Maria Lenk, com apenas 17 anos, abriu os caminhos da participação feminina, em Los Angeles, 1932. Daí até as primeiras medalhas para o gênero foram mais 14 edições, até 1996, em Atlanta, quando vieram quatro.
Jacqueline Silva e Sandra Pires ficaram com o ouro na disputa da final brasileira do vôlei de praia; a prata foi para Mônica Rodrigues e Adriana Samuel. O vôlei de quadra também medalhou, bronze para as brasileiras. O “dream team” da história do basquete feminino no Brasil ficou com a prata. Foi o início das conquistas de medalhas que sucederam nas outras edições dos Jogos.
As primeiras conquistas individuais vieram em Pequim, 2008. Ouro no salto em distância, com Mauren Maggi e bronze no judô, com Ketleyn Quadros. Esta foi ainda a melhor edição da participação feminina brasileira, com sete medalhas. Em todas as edições, o País conquistou 129 medalhas, 101 com os homens e 28 com as mulheres. Diferença gritante, que reforça o árduo percurso em busca de igualdade.
Em Tóquio, será a 3ª edição em que haverá mulheres em todas as modalidades. O feito é registrado desde Londres, 2012. Alguns fatores favorecem esse cenário, como o crescimento de disputas mistas, o aumento de provas femininas e redução de masculinas. O avanço é notável, mas a equidade requer uma superação histórica.
As cearenses são parte dessa história das mulheres nas Olimpíadas e há, pelo menos três que prometem lutar para colocar o nosso Estado no pódio em Tóquio.