No Brasil, a campanha de vacinação contra a covid caminha a passos lentos. Em quase três meses desde que a primeira dose foi aplicada, apenas pouco mais de 11% da população recebeu, pelo menos, a primeira dose. Diante desse cenário, é muito difícil imaginar que os atletas olímpicos deveriam ser priorizados para receber o imunizante.
Os esportistas de muitos países, como os de Israel, por exemplo, irão aos Jogos imunizados por conta de um eficaz planejamento na distribuição das vacinas. Os Estados Unidos, pelo andamento da vacinação, devem também conseguir enviar, pelo menos, boa parte da comitiva, já imunizada, aos Jogos.
Já por aqui, o cenário é outro. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) continua afirmando que os atletas não terão prioridade e que o calendário de vacinação será respeitado. No mês passado, o Comitê Olímpico Chinês se ofereceu para disponibilizar vacinas aos atletas que fossem a Tóquio. O Comitê Olímpico Internacional (COI) se comprometeu a cobrir os custos, mas o COB afirma que não houve avanço nem recebeu retorno sobre esse processo.
A previsão é que, ao todo, participem das Olimpíadas cerca de 11 mil atletas. Ainda não há como precisar a quantidade que estará vacinada, indicador importante, mas que não tem sido determinante para garantir a realização dos Jogos.
Em outro caminho, a Conmebol anunciou esta semana que vai receber 50 mil doses de vacina contra covid da Sinovac. A iniciativa deve beneficiar, além dos atletas, o staff envolvido em competições como Libertadores, Sul-Americana e Copa América. Mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já afirmou que se os imunizantes entrarem no Brasil, serão doados ao SUS.
200 vagas e menos de 100 dias
Cada vez mais perto do início dos Jogos de Tóquio, a delegação que vai representar o Brasil segue tomando forma e já conta com 200 atletas. As últimas vagas devem ser definidas até poucos dias antes das Olimpíadas. O pré-olímpico de basquete masculino, por exemplo, termina em 4 de julho. Quem já tem o lugar garantido em Tóquio segue com os preparativos, aqui mesmo no País ou fora, como é o caso do mais recente atleta a garantir índice olímpico, Bruno Fratus, que venceu a etapa Mission Viejo, na Califórnia, do TYR Pro Swim Series. O nadador segue com os treinos nos Estados Unidos e não deve participar de seletivas no Brasil, por conta da pandemia.
A estimativa do COB é garantir mais até 90 vagas. Pelo ritmo da vacinação no Brasil, quem depende das doses locais, provavelmente, não estará imunizado. O fato é que, em um país que tem perdido diariamente milhares de cidadãos que estão se expondo, muitas vezes, por necessidade e garantia de sustento, pensar que um atleta, por mais que também esteja no exercício de seu ofício, deve “passar à frente” nesse processo é incabível. O que compete às confederações é cobrar celeridade na campanha de vacinação, o que tornaria viável a ida do Time Brasil, imunizado, a Tóquio.