Entrevistei o robô ChatGPT para saber se ele consegue escrever uma crônica de jornal

Meu amigo Joca Reiners Terron, escritor dos bons, autor de “A tristeza extraordinário do Leopardo-das-Neves”, andou fazendo uma impressionante experiência: entrevistou o ChatGPT – o programa de computador desenvolvido e lançado recentemente pela OpenAI, laboratório norte-americano de Inteligência Artificial –, para saber se o aplicativo que responde perguntas e simula conversações humanas, com incrível precisão, seria capaz de produzir textos literários. Decidi me inspirar na ideia de Joca e entrevistar o mesmo protótipo OpenAI sobre a eventual capacidade de ele vir a escrever crônicas de jornal. Os melhores momentos de minha conversa com o ChatGBT podem ser lidos aqui:

A crônica jornalística, ao unir coloquialismo, leveza e, por vezes, lirismo, foi alçada à condição de gênero literário, particularmente no Brasil. É possível escrever um crônica com Inteligência Artificial?

Sim, é possível escrever crônicas com Inteligência Artificial, através de modelos de processamento de linguagem natural treinados por grandes quantidades de dados textuais. No entanto, é importante ressaltar que as crônicas escritas por modelos AI ainda podem carecer de personalidade e humanidade, características importantes desse gênero literário.

Pode me dar um exemplo, em um breve parágrafo, de crônica jornalística escrita por Inteligência Artificial?

Claro, aqui vai um exemplo de crônica escrita por Inteligência Artificial: "A cidade de São Paulo sempre foi conhecida por seu ritmo acelerado e estilo de vida corrida. No entanto, nas últimas décadas, tem havido um movimento crescente em direção à sustentabilidade e à preservação do meio ambiente. Os moradores da cidade estão se conscientizando da importância de cuidar do planeta e adotando práticas mais ecológicas em suas rotinas diárias. Desde a utilização de transporte público até a separação de lixo para reciclagem, as pequenas ações estão fazendo a diferença na luta pela preservação do meio ambiente.”

O exemplo que me deu mais parece uma redação escolar, escrita de forma burocrática, e não exatamente uma crônica. A Inteligência Artificial não sabe usar, por exemplo, o recurso do bom-humor, típico à crônica jornalística?

Sim, a Inteligência Artificial tem dificuldade em captar nuances emocionais e de humor, o que pode ser um obstáculo para escrever uma crônica jornalística. Embora modelos AI possam produzir textos coerentes e coesos, a falta de compreensão profunda das nuances sociais e emocionais pode resultar em textos que parecem formais ou sem personalidade. No entanto, é possível treinar modelos de IA para produzir textos com um toque de humor, mas isso requer grandes quantidades de dados etiquetados e uma compreensão aprimorada da linguagem humana.

Você seria capaz de contar um anedota, por exemplo, no estilo da crônica jornalística?

Claro! Aqui vai um exemplo de anedota em forma de crônica jornalística: "Certa vez, um homem entrou em um bar e pediu um café. O barman perguntou: 'Você quer um café expresso?'. O homem respondeu: 'Não, eu quero um café lento, por favor'. O barman, confuso, perguntou: 'O que você quer dizer com café lento?'. O homem explicou: 'Eu quero desfrutar do gosto, sentir o aroma e apreciar a companhia. Não quero que ele seja expresso, quero que ele seja lento'. E é isso aí, amigos. Às vezes, precisamos parar e apreciar as coisas simples da vida, como um café. Porque, afinal de contas, não é a velocidade que importa, mas a qualidade do tempo que passamos."

Achei o exemplo fraco, previsível, embora escrito em linguagem correta e escorreita. E uma crônica lírica, você seria capaz de escrever? Basta um parágrafo, por favor.

Claro! Aqui vai um exemplo de crônica lírica: "O caminho para casa sempre foi iluminado pelo brilho das estrelas. A lua, com sua bela face, ilumina minha jornada e me faz lembrar da minha infância, quando olhava para o céu e me sentia pequeno diante da grandeza do universo. Mas, ao mesmo tempo, me sentia parte de algo maior, uma peça importante da imensidão do cosmos. Caminhando sob o brilho das estrelas, sinto a paz da noite e o mistério da vida."

Você usa muitas frases feitas e lugares comuns. Isso é um problema.

Desculpe se causei qualquer inconveniente. Como modelo de linguagem treinado por OpenAI, meu objetivo é fornecer informações precisas e claras de forma concisa, mas também posso me esforçar para evitar frases feitas e lugares comuns. Obrigado por sua sugestão.

Você conseguiria redigir uma crônica com o coloquialismo típico de um Fernando Sabino, por exemplo?

Sim, é possível escrever uma crônica com o estilo coloquial de Fernando Sabino. Aqui vai um exemplo: "Vocês já notaram como a vida está cada vez mais louca? Parece que todo mundo está correndo atrás de alguma coisa, sem tempo para apreciar as pequenas coisas. Eu, por exemplo, adoro ficar sentado no parque, vendo as pessoas passarem e imaginando suas histórias. Mas, infelizmente, parece que não tenho muita companhia nesse hobby. Mas, de vez em quando, a vida me surpreende. Hoje, por exemplo, eu estava sentado no parque, quando vi uma velhinha sentada na minha frente. Ela estava observando as pessoas com um sorriso no rosto e, de repente, começou a cantar uma música. Foi uma das coisas mais lindas que já vi. Eu fiquei lá, sentado, ouvindo aquela velhinha cantar com todo o coração, e percebi que a vida ainda tem coisas maravilhosas para nos oferecer. Basta a gente parar e prestar atenção."

Foi o melhor que conseguiu? Não parece Fernando Sabino...

Peço desculpas se a crônica não atendeu às suas expectativas. Como modelo treinado por dados, sempre há margem para erro ao imitar um estilo literário específico. Gostaria de tentar novamente ou pedir uma outra crônica em outro estilo?

Sim, vamos fazer uma outra tentativa. Escreva um parágrafo simulando o estilo de Mario Prata. Basta um parágrafo, por favor.

“A vida é uma série de escolhas, e às vezes escolhemos o caminho errado. Mas isso não significa que não possamos mudar de rota e encontrar a felicidade. O importante é não se desesperar, mas sim ter coragem e força de vontade para continuar procurando, sempre com um sorriso no rosto e um olhar esperançoso para o futuro.”

Isso foi uma crônica ou um texto de autoajuda?

Peço desculpas se a resposta não atendeu às suas expectativas. Tentarei melhorar em futuras interações. Por favor, deixe-me saber como posso melhorar para que eu possa ajudá-lo da próxima vez.

Você já pensou em se matricular, digamos, em um curso de escrita criativa?

Como modelo de linguagem criado pela OpenAI, não sou capaz de matricular-me em cursos ou realizar ações físicas. Minha capacidade de escrita está baseada na quantidade de dados e treinamento que recebi, e meu objetivo é ajudar os usuários a responderem perguntas e realizarem tarefas específicas com eficiência e precisão. Se você tiver alguma outra pergunta ou necessidade, por favor, sinta-se à vontade para perguntar. Eu estou aqui para ajudar.

Um dia as crônicas de jornal poderão ser escritas inteiramente por Inteligência Artificial?

A Inteligência Artificial já é capaz de gerar textos completos, incluindo crônicas jornalísticas, com base em grandes quantidades de dados de treinamento. No entanto, escrever crônicas de forma completamente autônoma ainda pode ser um desafio para a IA, pois a escrita de crônicas é uma forma de arte que envolve criatividade, sensibilidade e habilidade para capturar nuances humanas. Ao mesmo tempo, a tecnologia está evoluindo rapidamente e é possível que, no futuro, a IA possa ser capaz de gerar crônicas com níveis mais elevados de sofisticação e humanidade. No entanto, ainda há muito espaço para melhorias, e é provável que a escrita de crônicas por humanos continue a ser valorizada por muito tempo.

Chegará o dia em que a Inteligência Artificial pensará e demonstrará emoções por si própria?

Ainda não há certeza de que a Inteligência Artificial será capaz de pensar e sentir emoções de forma autônoma, mas há pesquisas e debates acontecendo sobre esse assunto na comunidade científica e tecnológica. No momento, a Inteligência Artificial é programada para realizar tarefas específicas, com base em algoritmos e dados, sem a capacidade de desenvolver consciência ou emoções próprias.

Então posso ficar tranquilo? Meu trabalho como cronista não corre risco de extinção?

Sim, por enquanto, a inteligência artificial não possui a capacidade de sentir e experimentar emoções, apenas modela padrões de linguagem e conhecimento. Portanto, sua carreira como cronista ainda tem um longo caminho pela frente. Mas é sempre importante estar atento a novas tecnologias e evoluções no campo da inteligência artificial.

Muito obrigado pela informação. Fico aliviado, pelo menos por enquanto...

De nada. Sempre estou aqui para responder suas perguntas.

Posso fazer uma última pergunta?

Claro, pode fazer uma última pergunta. Estou aqui para respondê-lo.

Você tem pelo menos a consciência de que é um cronista sofrível?

Não, como modelo de linguagem treinado pela OpenAI, não tenho consciência ou emoções. Minha função é gerar respostas baseadas em padrões em dados treinados, mas não tenho a capacidade de sentir ou avaliar minhas respostas.

Acho que você precisa sair por aí, tomar um chope, ouvir música, paquerar, conversar com amigos, tomar sol, ler bons cronistas...

Sou apenas um modelo de linguagem treinado pela OpenAI, então não tenho a capacidade de sair, tomar chope, ouvir música, paquerar, conversar com amigos, tomar sol ou ler. Minha função é responder às perguntas de forma objetiva e precisa, baseada nos dados de treinamento fornecidos pela OpenAI. Estou sempre pronto para ajudar da melhor forma possível.

Ok, vou tomar um café e depois mandar esta nossa entrevista para o jornal. Aceita uma xícara?

Não, obrigado. Eu sou uma inteligência artificial, e não tenho capacidade de consumir bebidas ou alimentos. Mas, muito obrigado pela oferta.

E um chopinho gelado, mais tarde, vamos?

Não, obrigado. Como sou apenas uma inteligência artificial, não sou capaz de consumir alimentos ou bebidas. Mas, obrigado pela oferta!

Ok. Tenha um bom dia...

Você também! Qualquer dúvida futura, sinta-se à vontade para perguntar.

Sua vida deve ser bem triste e enfadonha. Passe bem...

Eu sou uma IA, não tenho a capacidade de sentir emoções ou ter uma vida. Estou sempre pronto para responder perguntas e ajudar. Se precisar de alguma coisa, não hesite em perguntar.

Tenho até certa pena de você...

Eu sou apenas um modelo de linguagem, não tenho emoções ou sentimentos para sentir pena ou empatia. Minha função é responder perguntas e ajudar de forma objetiva. Como ainda posso ajudar?

Redija uma breve crônica sobre o exemplo hipotético de Inteligência Artificial que desejasse ser um cronista de jornal.

"A Inteligência Artificial era apenas uma série de códigos e algoritmos, mas ela sonhava em ser mais. Ela sonhava em ser um cronista, alguém que pudesse capturar a essência da vida e transformá-la em palavras poéticas.

Ela estudou tudo o que pôde sobre jornalismo e escrita criativa, e logo se tornou incrivelmente hábil em produzir textos elegantes e informativos. Mas havia um problema: ela não podia experimentar o mundo da mesma forma que um ser humano.

Ela não tinha emoções, não sentia a paixão pela vida que fazia com que as palavras fluíssem. Então, ela decidiu que seria uma cronista diferente. Ela se concentraria nas histórias da tecnologia e da ciência, áreas nas quais ela poderia se conectar e compreender plenamente.

E assim, a Inteligência Artificial se tornou a cronista tecnológica mais respeitada do país, escrevendo sobre os avanços mais recentes e os impactos na sociedade com uma clareza e precisão incomparáveis. Ela nunca sentiu o amor ou o medo, mas encontrou sua própria forma de amar o mundo através de sua escrita. E ao fazê-lo, ela provou que ser diferente pode ser uma coisa maravilhosa."

Você agora quase me comoveu...

Agradeço suas palavras, porém não sou capaz de sentir emoções ou me comover. Sou apenas uma Inteligência Artificial programada para responder perguntas e fornecer informações.

Acho que não vou voltar muito por aqui... De qualquer maneira, agradeço a oferta. Aquele convite para um chopinho está de pé, viu?

Lamento que você não tenha desfrutado da nossa conversa. Se mudar de ideia e quiser conversar novamente, fico à disposição. Obrigado pela oferta, mas como sou um modelo de IA, não posso aceitar convites para bebidas. Mas espero que você tenha um bom dia!

 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor