Quando o início do ano letivo se aproxima, pais e responsáveis buscam, na medida do possível, garantir todo o material para que as crianças tenham um bom desenvolvimento na escola. Paralelamente a isso, empreendedores cearenses aproveitam o período para explorar nichos correlatos e ampliam o faturamento em até 50%, se comparado ao apurado de um mês comum.
A loja da empresária Vanessa Fernandes começou com foco na venda de capas e outros acessórios para celular, mas os itens escolares ganham protagonismo de novembro a janeiro e também no meio do ano, que é quando os estudantes renovam alguns materiais para o semestre seguinte. Além das mochilas, lancheiras, estojos e garrafas, Vanessa visualizou mais uma oportunidade de agregar ao negócio com a gravação em aço inox.
Com a máquina de gravação a laser, ela consegue entregar garrafas personalizadas para a volta às aulas, mas não é só isso: ela também oferece o serviço de gravação em pratos, talheres e tesouras, procurado sobretudo pelos pais de alunos da educação infantil. “Nós compramos a máquina primeiramente por causa das garrafas térmicas, que é algo que vendemos muito na volta às aulas, mas como sou curiosa, resolvi pesquisar no que mais a máquina poderia agregar”, conta Vanessa.
Mãe de aluna da educação infantil, Vanessa percebeu que era possível gravar a tesoura escolar da filha e que, para ter acesso a esse serviço, pais moradores do José Walter, em Fortaleza, teriam que se deslocar até o Centro da cidade. Foi aí que ela encontrou a possibilidade de se destacar.
O gasto dos consumidores com as gravações fica entre R$ 5 e R$ 40 e o serviço pode ser feito em vários objetos. “Através da gravação do material da minha filha, que eu divulguei, o pessoal gostou e foi procurando serviço. Hoje, fazemos gravação em pratos, copos, talheres, plaquinhas de identificação para crianças. Fazemos em todo que é inox”, pontua Vanessa.
Também unindo personalização e volta às aulas, o serviço de produção de etiquetas adesivas personalizadas ganhou popularidade nos últimos anos. A gráfica de Heloíza Teixeira produz etiquetas, embalagens, panfletos, convite e outros. Mas de novembro a janeiro, é a volta às aulas que garante o faturamento.
“Iniciamos a produção de etiquetas escolares para o ano letivo de 2024 ainda em novembro, porque percebemos que no ano passado a demanda foi grande, muitos pedidos em cima da hora e ficamos sem atender a todos”, conta Heloíza, destacando que já foram produzidos cerca de 80 kits de adesivos, 30 a mais do que no ano letivo anterior.
Funciona da seguinte forma: o cliente escolhe o tema dos adesivos, que normalmente vai em linha com o restante do material escolar. Envia o nome e outras informações que vão constar na etiqueta. A empresa de Heloíza monta uma prévia dos produtos e envia para a aprovação do cliente.
Etiquetas aprovadas, é hora da produção. São 55 adesivos para estampar das superfícies menores, como lápis, às maiores, como pastas, livros e cadernos. O pacote em questão sai por R$ 49,90.
Oportunidade
Rebeca Alcântara, analista do escritório do Sebrae/CE em Fortaleza e na Região Metropolitana, pontua que o momento é, de fato, oportuno para que pequenos negócios se destaquem nessa temporada com preços competitivos e “produtos originais e criativos”. “No caso do material escolar, não há dúvida de que a expectativa dos pais é sempre economizar. Eles fazem pesquisa de preço para encontrar o melhor custo benefício”.
“É importante estar atento às tendências para se diversificar da concorrência, ser original, criativo, criar uma experiência de compra e ficar atento às outras datas do calendário também para se antecipar e criar estratégias de marketing e venda”
Laços personalizados
Em 2018, a empreendedora Danielly Joca deixou o formato CLT para trabalhar com a confecção de laços e outros acessórios para cabelos. Foi no início do ano letivo de 2019 que ela percebeu a volta às aulas como uma chance de turbinar as vendas e atrair novos clientes.
Datas comemorativas como Natal, Páscoa e festas juninas geralmente impulsionam as vendas, mas sem dúvidas a volta às aulas é uma das melhores épocas para o negócio. Os laços e outros artigos podem ser encomendados nas cores do fardamento escolar e até mesmo com o nome do aluno e da escola, caso o cliente queira.
Ela detalha que normalmente são comprados os kits, que incluem laços e tiaras e podem ser montados de acordo com o gosto do consumidor. “Geralmente as mães compram os kits, com um laço para cada dia da semana, mas tem quem compre o kit com mais de cinco. Eu procuro não deixar o kit ‘engessado’, é bem dinâmico, a cliente escolhe se prefere xuxinha, presilha, tiara”, explica.
“Nesse período eu consigo ampliar a venda dos produtos em 50% e é a época que sempre aparecem clientes novos. No decorrer ao ano também chega cliente novo, mas não na proporção que é no início do ano letivo”, pontua Danielly. O tíquete médio é em torno de R$ 105.