Violência e deboche: o perigoso caminho da política brasileira rumo ao fundo do poço

A cadeirada de Datena em Marçal extrapola o confronto entre dois candidatos: o golpe foi na democracia. E pode piorar

O episódio em que o candidato à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena, do PSDB, agrediu com uma cadeirada o adversário Pablo Marçal, do PRTB, durante um debate televisivo reflete o momento alarmante em que a política brasileira se encontra. E o horizonte parece ser ainda pior. O ato, além de ser lamentável e condenável, revela o baixo nível das discussões nas campanhas eleitorais.

Quando um candidato recorre à violência física em um ambiente que deveria ser de troca de ideias e propostas, o sinal de alerta para o rumo da política brasileira se torna evidente.

Entretanto, é preciso contextualizar o episódio. Pablo Marçal, conhecido por seu estilo provocador e debochado — sem nenhum compromisso com o ambiente democrático — criou o clima de hostilidade ao usar insultos pessoais contra Datena, o que culminou no desfecho violento. Apesar disso, nenhum tipo de provocação justifica a violência física.

O episódio extrapola o confronto entre os candidatos. A agressão foi, na verdade, contra o ambiente democrático e contra a civilidade, ambos indispensáveis na política.

Quando candidatos ao comando da maior cidade da América Latina se envolvem em agressões em rede nacional, isso apresenta à sociedade a mensagem de que tais atos são aceitáveis na democracia. Definitivamente, não são. O desrespeito ao debate republicano antecipa um ciclo de violência e de desrespeito às instituições, que mina a confiança do eleitor nos representantes e nas próprias instituições.

O achincalhe da política, se relativizado e transformado em norma, levará o país ao fundo do poço. É preciso reagir com urgência.