Vice-governadora por dois mandatos, Izolda Cela (PDT) já foi convocada no para o centro do governo Camilo Santana (PT). Desde então, ela participa ativamente das ações mais ligadas ao gabinete governamental e se prepara para assumir o governo do Estado a partir do dia 2 de abril, quando Camilo deverá renunciar ao cargo para concorrer à cadeira de senador pelo Estado do Ceará. Na nova posição, Izolda terá peso nas articulações da sucessão.
A nova atuação dela se concentra em duas frentes: as questões relacionadas ao andamento direto dos programas do governo, participando das reuniões, detalhando melhor o andamento dos projetos, a articulação das secretarias e a outra que é participar ativamente dos eventos de entrega de obras e inaugurações para estar mais próxima da população, inclusive sendo convocada a discursar nestes atos.
Com atuação ligada à Educação, em área técnica, Izolda tem uma marca em sua atuação: a discrição. Embora esteja no segundo mandato como vice-governadora, ela nunca precisou fazer grandes articulações políticas e nem se submeteu ao escrutínio das urnas antes de concorrer ao cargo.
Atuação política
Ela agora se prepara para o maior desafio de sua carreira, que é governar o Estado em um momento difícil, pois terá que lidar com uma crise econômica e os desafios da pandemia.
Em conversa com essa coluna, na última quarta-feira (2), a vice-governadora reconheceu o novo momento de sua atuação no governo, embora demonstre cautela em assumir o cargo.
“É uma possibilidade. O governo segue com sua normalidade. O governador segue ao feitio dele trabalhando de manhã, de tarde e de noite, dedicado ao serviço. Com certeza, com o horizonte dessa probabilidade (de assumir o cargo) eu tenho muito agrado, realmente muito mais nas agendas ligadas diretamente a ele porque é importante”.
Outro desafio é o período eleitoral que se avizinha, o maior teste da habilidade políti cade Izolda, principalmente porque é apontada como pré-candidata ao cargo.
É a data final determinada pela legislação eleitoral para renúncia a quem pretende disputar cargo diferente do que ocupa nas Eleições 2022
A primeira certeza em relação ao assunto é que a vice-governadora se fortalece como liderança com influência no processo de decisão do grupo governista. Com a caneta na mão e podendo concorrer à reeleição, ela já tem suas apostas entre os aliados. Por enquanto, despista sobre os planos para concorrer como candidata a governadora.
“Não, não tenho. Penso que é algo que vem como uma decisão coletiva daqueles que compõem este projeto político. A meu ver, (este projeto) vem promovendo melhorias importantes para o Ceará, é isso que importa: como nós podemos garantir que este projeto siga bem”.
Entretanto, a pedetista já começou a se movimentar mais no campo dos embates políticos. Recentemente, nas redes sociais, fez crítica à postura do presidente Jair Bolsonaro de querer capitalizar no reajuste do piso salarial dos professores, quando a medida é imposta por lei.
Entre os aliados, ainda em conversas de bastidores, há quase uma unanimidade em relação à nova postura de Izolda e do peso que ela terá na sucessão, podendo ser a cabeça de chapa do grupo governista.
De olho no PT
Um dos trunfos que muitos dos aliados consideram é de não ter restrições dentro do grupo governista, principalmente em não gerar resistências no PT. Até nisso, o discurso de Izolda está em tom de conciliação.
“Nosso desafio é colocar os interesses políticos a bem do Ceará como prioridade. É saber quais são as diferenças entre os partidos. No âmbito nacional cada partido tem seu pré-candidato e faz suas defesas. Mas precisamos superar essas diferenças para dar seguimento no Ceará a uma aliança que vem sendo benéfica”.