Os atos marcados para o próximo dia 7 de setembro têm causado reações diversas na classe política no Ceará. Apoiadores do governo Jair Bolsonaro prometem grande mobilização, mas entre os opositores, os atos que devem ocorrer em todo Brasil dividem opiniões.
Uma corrente mais cética aposta que a grande dimensão dada previamente que não deve se confirmar. Otru grupo, mais temerário, considera a possibilidade de atos violentos, principalmente os que devem ocorrer em Brasília e São Paulo, mas não no Ceará.
Por aqui, os embates entre apoiadores e opositores de Bolsonaro têm acontecido com frequência semanal no parlamento. Nesse clima é que os presidentes da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique, e da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, ambos do PDT, fizeram discursos na quinta-feira (2) em defesa da democracia.
Evandro Leitão enalteceu a liberdade de expressão, mas ponderou que o ataque às instituições democráticas desvirtua o processo. O alerta que fez foi na necessidade de defesa do Estado Democrático de Direito que permite aos cidadãos, até mesmo aqueles que demonstram menos apreço ao sistema, possam sair às ruas para se manifestarem.
Ele lembrou os últimos atos de ataques a instituições como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Na Câmara Municipal, o tom do presidente Antônio Henrique foi no sentido de conciliar os interesses.
“Pensar diferente não nos faz inimigos”, destacou ele, ao acrescentar que qualquer tentativa de “silenciamento” ou “violência” não devem ser encaradas como democráticas. E cobrou a construção de “pontes”.
Posições institucionais
A ação coordenada dos dois presidentes, ambos do PDT, além de firmar uma posição individual deles contra a corrente que pretende ir às ruas com supostos pensamentos autoritários, acaba tendo também um papel institucional do parlamento no Ceará contra qualquer arroubo contra as instituições.
Como é certo que vereadores e deputados estaduais estejam nos atos promovidos no dia da independência, os discursos dos presidentes se antecipam e afastam as instituições dos movimentos e possíveis polêmicas.
Crises contínuas
Por um lado ou por outro, os atos do dia 7 de setembro terão um caráter decisivo para o clima político do País nos próximos meses.
Em Brasília, o presidente Bolsonaro está cercado de problemas, o País espera soluções urgentes que o governo parece, pelo menos até agora, ser incapaz de resolvê-las.
Aliás, os atos deste 7 de setembro, ao defenderem questões abstratas como voto impresso e ataques ao STF, parecem mais uma cortina de fumaça sobre a situação atual de crises diversas e contínuas, em que o cidadão tem sido a maior vítima.