A campanha à sucessão na Prefeitura de Fortaleza, que acontece em outubro do ano que vem, já começou e está forte. Os embates recentes entre aliados do prefeito José Sarto (PDT) e do governador Elmano de Freitas (PT) selam um cenário de hostilidades difícil de ser revertido e revelam ao menos duas candidaturas: a de reeleição de José Sarto e outra ligada ao grupo do governador.
É sobre esta segunda que queremos nos deter neste artigo. O PT, do governador Elmano de Freitas e do presidente Lula, é presença constante nas eleições de Fortaleza desde a redemocratização. Para o próximo ano, a tendência é que a escrita se mantenha, mas é preciso observar os movimentos das lideranças.
Recém-chegado ao governo do Estado, Elmano de Freitas vai experimentar a primeira eleição municipal na qual terá influência direta como liderança em nível estadual e, por estar sentado à cadeira política mais potente do Estado, seus sinais são importantes para compreender os passos a serem seguidos pelo PT e seus aliados.
Esta coluna ouviu do chefe do Executivo estadual algumas avaliações que são relevantes para as negociações de 2024.
Posição do PT
O governador tem adotado um tom de cautela em relação à candidatura própria do PT. Ele diz compreender que o partido pode sim ter candidato e que deve se preparar para isso, que tem quadros. Entretanto, considera que a escuta dos partidos aliados é fundamental para o processo de escolha.
O governo, por sinal, tenta fortalecer o grupo de partidos que dará sustentação à candidatura. Além de partidos como MDB, PP, Republicanos, PSB e PT, a base governista acaba de agregar o PSD. O tempo de TV poderá ser um diferencial importante no ano que vem.
Perfil do candidato
Ainda sobre isso, o governador considera que o nome a ser escolhido como cabeça de chapa precisa agregar os partidos aliados. Ele considera que o PT não pode sair isolado nessa disputa.
Em 2012, o próprio Elmano foi candidato a prefeito de Fortaleza e, mesmo sendo representante do projeto que estava na Prefeitura, acabou derrotado por Roberto Cláudio que reuniu mais partidos e lideranças.
Liderança de Camilo Santana
Outra colocação do governador é que o PT precisa considerar a liderança do ministro da Educação, Camilo Santana. A declaração pode parecer óbvia, mas tem razão de ser. A dinâmica interna da sigla dá autonomia aos diretórios para tratarem do assunto eleição de forma muito particular.
Basta lembrar da candidatura de Luizianne Lins em 2004, em que o presidente Lula e o PT nacional queriam um acordo para que Inácio Arruda (PCdoB) fosse o candidato apoiado pelo partido. No diretório, Luizianne venceu a disputa, saiu candidata e foi eleita.
Elmano quer dizer que considera Camilo Santana a maior liderança petista para conduzir o processo de sucessão dentro do partido.
Avaliação de cenários
Elmano de Freitas também adota um tom cauteloso em relação aos cenários dos adversários. Ele considera que a avaliação das gestões (município, estado e governo federal) será importante no tabuleiro eleitoral do próximo ano. Além do papel que cumprirão as lideranças nacionais e locais.
Ele tem dito que não nutre expectativa de uma aliança com o PDT. O foco, diz, deve ser nos aliados da eleição do ano passado ao governo do Estado.
O momento é de muito mais perguntas do que de respostas sobre as influências e os cenários para o ano que vem. Por isso, quer empurrar para o próximo ano qualquer definição sobre o assunto.