Futebol precisa da pureza do menino Bruninho e menos clubismo patológico

Torcedor do Santos, garoto foi hostilizado por receber camisa do goleiro Jaílson, do Palmeiras

Um fato me chamou atenção no noticiário esportivo. Um garoto chamado Bruninho, torcedor do Santos, recebeu a camisa do goleiro Jaílson, do Palmeiras, na Vila Belmiro, logo após o jogo que terminou com vitória do Alviverde, fora de casa, no último domingo.

Parte da torcida santista hostilizou o garoto e o pai dele por aceitarem o presente do atleta da equipe adversária. Um dia depois, o menino gravou um vídeo pedindo desculpas e afirmando ser santista e não palmeirense. Explicou que apenas gostava do atleta em questão.

Após esta contextualização, um alerta. Que mundo é este que estamos vivendo? Que preferência é essa que estão dando a um tipo de comportamento que tenta subverter até mesmo a inocência e despretensão de uma criança?

O Bruninho não precisa pedir desculpas a ninguém. Todo mundo foi criança, todo mundo que gosta de futebol já admirou um estádio, quis conhecer os atletas, os tem como referência e heróis.

A criança não tem maldade no coração. Não enxerga o futebol como religião, como uma seita, como um casta que se julga superior às demais. O coração sadio permite a admiração até mesmo pelo jogador de outro time.

Quando nos depararmos com um comportamento sem sentido como os de alguns torcedores de futebol radicais, vale o questionamento: quando começamos a errar? Quando deixamos um sentimento tão torpe como o clubismo sem sentido invadir nossas relações pessoais e nossa humanidade?

Felizmente, o Santos vai tentar reparar o constrangimento que o garoto sofreu, o levando para o jogo contra o Bragantino no camarote do clube. Ele merece.

Até mesmo o atacante Gabigol, do Flamengo, se solidarizou com o caso, afirmando que vai mandar uma camisa autografada. Digno!