Entrou no ar desde o último dia 25/01, na Netflix, o documentário 'Neymar: o Caos Perfeito", primeira produção que aborda com maior profundidade (3 episódios entre 50 e 60 minutos) a carreira do atacante brasileiro Neymar da Silva Santos Junior, de 29 anos, que atua no Paris Saint-Germain e é o 2º maior artilheiro da história da Seleção Brasileira.
Começo esse texto deixando claro que não sou crítico de cinema, mas considero relevante analisar essa produção sobre o principal jogador do futebol brasileiro dos últimos 12 anos.
E as expectativas como um produtor de conteúdo esportivo e também como espectador não eram boas, tendo em vista as produções anteriores sobre atletas brasileiros. Alguns documentários sobre Pelé e Ayrton Senna, por exemplo, derraparam na montagem de personagens com poucos defeitos ou controvérsias.
É na exploração do ser humano com suas virtudes e falhas que compreendo que as boas histórias são contadas na intenção de chegar mais próximo possível de uma verdade.
No caso do documentário sobre Neymar, a grata surpresa foi a presença de uma boa medida de controvérsias sobre o jogador, desde o início da carreira aos últimos eventos. De críticas da imprensa a bordoadas (justas por sinal) de torcedores, principalmente os do PSG.
A grande polêmica da vida de Neymar, a acusação de estupro por parte da modelo Najila Trindade, foi exposta a contento, inclusive com uma áspera discussão entre o pai de Neymar e o atacante ao fim do caso, jogando um pouco mais de luz sobre as interações entre o atleta e o progenitor.
E exatamente nessa relação com 'Neymar Pai' que o documentário ganha mais força, pois mostra uma faceta pouco explorada nos noticiários e nas rodas de conversa sobre o papel do gestor da carreira do craque. É notória que após a saída do Barcelona, a relação entre pai e filho se desgastou, e 'Neymar Pai' perdeu parte do controle que detinha sobre a vida e carreira do filho.
Apesar de ser uma figura controversa, 'Neymar Pai' sempre carregou parte da culpa pelas atitudes criticáveis do atacante. Documentário mostra que Neymar Junior precisa ser mais responsabilizado pelos caminhos que ele mesmo trilha na carreira.
Um ponto negativo é a tentativa de montar um estilo exagaderadamente 'manager' de 'Neymar Pai', que aparenta ser bastante forçado. Os relacionamentos amorosos também não foram explorados, como o da atriz Bruna Marquezine, que sequer é citada.
A carreira futebolística de Neymar, entretanto, é bem explorada, mas isso não é novidade. É exatamente pelo que fez em campo que o craque se mantém. O extracampo quase sempre jogou contra o atleta, em decisões e atitudes. Ainda há carreira para Neymar. E este final ainda está em aberto. Teremos apenas um fim melancólico ou mais uma reviravolta?