Amor, ódio, raiva, felicidade, alegria, tristeza, culpa, insegurança, medo, solidão, saudade, inveja, desejo, gratidão. Essas são apenas algumas das emoções com as quais nos deparamos desde muito cedo, ainda quando crianças.
No caminhar da estrada chamada vida, nos prendemos e nos libertamos de alianças e obstáculos a partir dos sentimentos, emoções, que nos habitam e muitas vezes transformam nossas vidas.
Essas emoções e sentimentos, aliados a experiências e reflexões, nos ensinam e nos constroem como seres integrais. Somos sociais e afetivos por natureza, pela necessidade que temos do contato com pessoas e de estabelecer relações com família, amigos, colegas e amores.
Emoção tem sua origem numa palavra latina, que significa mover. Elas precisam ser compreendidas para que, com elas, aprendamos a lidar de maneira saudável com os desafios e conflitos da vida.
É preciso entender e saber o que sentimos para tomadas de decisão, tanto no campo pessoal como no profissional. Garantir esse entendimento ainda na infância é um passo importante para a construção de um adulto seguro e inteligente emocionalmente.
É na infância que tem início o nosso aprendizado emocional. Segundo estudiosos, as crianças aprendem os valores humanos na convivência social, principalmente com a família. Mas o que os valores têm a ver com as emoções? Eles são formados e percebidos através das emoções que colecionamos ao longo da vida, como amor e ódio, alegria e tristeza.
Entender e nomear o que sentimos é aumentar o nosso repertório emocional.
É uma etapa importante para conseguir lidar com eles de forma equilibrada e saudável, tirando de cada um os aprendizados importantes para o nosso desenvolvimento.
Precisamos falar mais sobre nossas emoções e sentimentos, reconhecer os nossos, os dos outros e os das crianças. Falar é a forma de não mascarar o que sentimos. É olhar para o que nos faz feliz, triste, o que causa dor ou alegria, vergonha ou medo, e não nos julgarmos por isso. Nos responsabilizar pelo que sentimentos e reconhecer é aprender a viver com cada emoção ou sentimento.
Quem já não ouviu de outra pessoa para não demostrar emoções e sentimentos, principalmente quando se trata de raiva, paixão ou até mesmo esperança? É como se eles fossem forçados a serem reprimidos. Uma situação dessas, na infância, pode gerar consequências pelo resto da vida.
A ordem “Engole o choro!”, até hoje, me causa desconforto. Quando penso nela, sinto um nó na garganta e aquela sensação de choro preso.
O choro é uma forma de comunicação, muito mais presente na infância quando não sabemos verbalizar sobre as emoções.
O choro é muitas vezes a saída que encontramos para vários "pedidos". Pode não parecer, e imagino que isso também tem relação com a falta de informação, mas é uma forma de repressão muito forte.
Não ter liberdade para expressar o que sentimos é capaz de nos sufocar com um turbilhão de emoções, sentimentos, dúvidas e angústias.
Se não trabalhado, uma situação como essa pode produzir seres humanos fechados, tristes, com dificuldade de expressar o que sentem. E o risco de não corrigirmos isso é, também, reproduzirmos esses comportamentos no ciclo de criação de outras vidas.
Por isso, precisamos saber ouvir, entender, reconhecer todas as emoções e sentimentos que estão dentro de nós. As emoções não existem por acaso. Todas têm uma função, um ensinamento. Mas, sim, algumas são complexas. Explicar o abstrato é mais delicado. E quando isso vai ser recebido por uma criança o desafio é ainda maior.
Educação socioemocional
A escola cada dia mais tem sido parceira da família na educação socioemocional. O tema tem se destacado nos últimos anos e está inserido numa proposta pedagógica revolucionária que pode ser vista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
O objetivo é desenvolver nos estudantes a capacidade de lidar com emoções e, assim, serem responsáveis e capazes de resolver problemas. Com isso, poderão criar relações sociais mais positivas.
O desenvolvimento de habilidades como criatividade, empatia e pensamento crítico é trabalhado com a mesma importância dos outros conteúdos curriculares. Como benefício dessa ação, temos o fortalecimento da confiança, organização e da construção de relações interpessoais.
Um dos livros mais lidos de todos os tempos, “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, nos apresenta temas fortes e profundos como amor, solidão, amizade, sentido da vida e perda. Escrito com o coração, o livro nos faz refletir sobre como estamos vivendo e como podemos aprender a ser pessoas melhores.
"O essencial é invisível aos olhos" é uma frase sábia, oferecida pela Raposa ao Príncipe, como um fruto de autoconhecimento. Para ela, o sentir e o agir devem ser prioridade diante do ver. E tudo aquilo que não pode ser tocado, como o amor, a amizade, a esperança, a alegria, deve ser colocado à frente do material.
As emoções, os sentimentos, nos formam como pessoas e nos fortalecem para a vida. Entender e falar sobre eles é assumir o nosso protagonismo na vida e na sociedade. Sejamos protagonistas do que somos.