Você acredita no Hidrogênio Verde? Duas respostas distintas

Um ovinocultor e um engenheiro opinaram. O primeiro disse que ao primeiro sinal do H2V em escala, a Arábia Saudita reduzirá o petróleo a US$ 30. O engenheiro: "A Europa terá H2V em 2030".

Será fácil implementar os projetos de produção do Hidrogênio Verde que hoje são apenas projetos que mobilizam no mundo o melhor da ciência e da tecnologia em busca de custos mais baratos para tornar realidade o sonho de substituir as energias de origem fóssil pelas renováveis? 

Esta coluna ouviu ontem de um engenheiro especializado em energia e de um criador de ovelhas duas respostas díspares. O ovinocultor disse: 

“Não! Não será fácil e nem acontecerá, em escala, até 2030 como muitos estão a apostar. É algo que demorará muito mais tempo para acontecer. Primeiro, porque o preço do petróleo, que hoje oscila entre os US$ 75 e os US$ 100 por barril, desabará imediatamente para US$ 30 depois que alguma grande empresa – que poderá ser a australiana Fortescue ou a cearense Casa dos Ventos – passar a produzir o H2V a um custo competitivo. A Arábia Saudita e seus parceiros da Opep, incluindo a Rússia, têm reservas de petróleo suficientes para atrasar, no mundo todo, os projetos de produção do Hidrogênio Verde”.
 
Sem deixar o engenheiro abrir a boca, o criador de ovelhas, impulsionado muito mais pela intuição, emendou, falando no modo reflexivo: 

“Fiquemos aqui mesmo no Ceará, que tem um projeto tripartite (Governo do Estado, UFC e Fiec) para a instalação de um Hub do H2V no Complexo do Pecém. A natureza prodigalizou esta geografia com o sol e o vento, novas e gratuitas fontes renováveis de energia. Com a energia solar fotovoltaica – que pode ser produzida abundantemente no semiárido cearense e sob cujos telhados de painéis poderão ser, simultaneamente, implantados projetos de hortifruticultura, algo que a família Nogueira já implementa no município de Pereiro – poderemos ter a fruticultura verde, a bovinocultura verde, a suinocultura verde e, também, aço verde, cimento verde e fios e tecidos verdes”.

O engenheiro – pragmático e ciente de que o futuro do mundo será movido pelo Hidrogênio Verde que aniquilará em pouco tempo a gasolina, o óleo diesel e até o gás natural – entende que a tese do ovinocultor está errada. Ele explicou:

“Os petroleiros estão jogando confetes nas energias renováveis com o objetivo de ‘sugar’, de esticar ao máximo a exploração e o uso das energias fósseis, por motivos óbvios. Porém, a Europa, principalmente, irá refrear essa ânsia por uma questão de pura sobrevivência diante da ameaça climática. Por isso, acredito que o H2V quebrará esse ciclo, inexoravelmente, com subsídios europeus e japoneses até entrar em regime de competição, e tudo isto em pouco tempo”.

Como exemplo, ele lembrou que os países da União Europeia fecharam na semana passada um acordo estabelecendo metas obrigatórias para as companhias aéreas do bloco, que terão de elevar o consumo de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF na sigla em inglês) a partir de 2025.
 
O projeto prevê que os aviões das companhias europeias terão de começar a usar, dentro de dois anos, 2% de SAF, aumentando a cada cinco anos: 6% em 2030; 20% em 2035; 34% em 2040; 42% em 2045; e 70% em 2050. 

“O céu com certeza agradecerá e, em contrapartida, tornar-se-á mais azul”, disse o engenheiro.

UMA CEARENSE NO COMANDO DO BNB NO CEARÁ

Antiga servidora do Banco do Nordeste, a executiva Eliane Brasil é a nova Superintendente do BNB. A notícia surpreendeu positivamente os líderes da agropecuária cearense, que parabenizaram o presidente do banco, o pernambucano Paulo Câmara, pela escolha.
 
Eliane Brasil conhece como poucos as estruturas internas do Banco do Nordeste, do qual já foi diretora. De modo mais profundo, conhece os problemas da economia do Ceará, estando “apta e habilitada a desenvolver um trabalho inovador junto ao setor produtivo, que muito espera de sua atuação”, como disse à coluna o presidente da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), Amílcar Silveira. 

“Teremos uma executiva muito equipada intelectual e profissionalmente na Superintendência do BNB no Ceará”, comentou o agroindustrial Raimundo Delfino. 

Por sua vez, o agropecuarista Luiz Girão, fundador do Grupo Betânia, disse o seguinte: “É uma mulher competente e séria, que agregará ao BNB no Ceará uma gestão de qualidade”.