No dia 6 do próximo mês de maio, um sábado, na cidade de Quixeramobim, centenas de produtores rurais de todos os tamanhos, procedentes de diferentes regiões do estado, reunir-se-ão numa grande assembleia-geral para debater e assumir uma posição da agropecuária cearense em relação a algumas questões que dizem respeito à economia do Ceará.
A Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), que promoverá o encontro, pretende conhecer a tendência de quem produz e trabalha no campo a respeito, por exemplo, do Projeto São Francisco de Integração de Bacias, popular e erroneamente chamado de transposição (seria mesmo uma transposição se o volume de água transferido do Velho Chico para o semiárido de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará fosse algo como 1 mil m³/s, mas o que é transferido não passa de 26 m³/s, um volume insignificante diante dos 3 mil m³/s que a barragem de Sobradinho está jogando no mar hoje).
Desde o ano passado, o MDR - Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional – mantém suspenso o bombeamento das águas do Canal Norte do Projeto São Francisco para o Açude Castanhão.
Para a sorte dos cearenses, tem chovido intensamente sobre o Cariri, onde estão as nascentes do rio Salgado cujas águas estão a recarregar o maior reservatório do Ceará.
A Faec quer, também, apurar o que pensam os produtores rurais sobre a precariedade da assistência técnica prestada pela Ematerce ao agricultor e ao pecuarista, que seguem distantes da melhor tecnologia utilizada pelas empresas organizadas para a produção de grãos, frutas e hortaliças.
Como esta coluna já disse, a Ematerce, no século passado, foi a grande transmissora do melhor conhecimento que, na época, estava disponível para o pequeno produtor. Hoje, a Ematerce, por falta de dinheiro e de técnicos (a maioria aposentou-se), é só uma saudosa referência do que foi há 30-40 anos.
Agora sob nova direção, a Faec, que até muito recentemente era uma entidade quase sem vida – presente, mas sem voz altiva, em alguns conselhos de organismos estaduais e federais como o Sebrae – é hoje, sem contestação, a líder do importante universo da agropecuária cearense, cujos produtores – pequenos, médios e grandes – se sentem protegidos e bem defendidos nas suas reivindicações.
A Faec, por meio do capítulo cearense do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), está ampliando os investimentos na prestação de assistência técnica ao produtor rural, com cursos focados na transmissão de novas tecnologias para a melhoria das boas práticas agrícolas e do melhor e mais eficiente manejo dos rebanhos bovinos, ovinos e caprinos.
Pois é essa força política de que se reveste agora a Faec que será testada no dia 6 de maio em Quixeramobim. Seu presidente, Amílcar Silveira, e seus diretores mobilizam-se para fazer daquela data uma espécie de divisor de águas do agronegócio cearense.
Ele gravou um vídeo, já transmitido em várias redes sociais, chamando a atenção do governo do estado, da Assembleia Legislativa e da bancada cearense na Câmara dos Deputados e no Senado Federal para o descaso com que o problema do Projeto São Francisco está sendo encarado aqui.
Esta coluna pode informar que alguns dos maiores empresários da agropecuária cearense já confirmaram sua presença no evento de Quixeramobim, o que revela a coesão existente em torno da Faec e de sua liderança.
No ano passado de 2022, foi a performance do agronegócio que assegurou o crescimento de 0,9% do PIB do Ceará, bem menos do que os 2,9% do PIB nacional.
O crescimento da agropecuária estadual cearense alcançou a marca de 7,7%, e foi este excelente desempenho que garantiu o PIB positivo do Ceará apurado pelo Ipece no exercício de 2022.
Poucos cearenses sabem, mas há uma revolução em marcha na agricultura das chapadas do Apodi e da Ibiapaba e também na região do Cariri.
No Apodi, cultiva-se, colhe-se e beneficia-se algodão com a mesma tecnologia e a mesma produtividade usada no Mato Grosso e no Oeste da Bahia, da mesma maneira que se plantam, são colhidos e são ensilados milho, sorgo, milheto, palma e capim; na Ibiapaba, o cultivo protegido já multiplica a produtividade de hortaliças e de flores, revolução que se fará, ainda neste ano, no Sul do Ceará, mais precisamente em Missão Velha, onde o Sítio Bananeiras, de Fábio Régis, que produz bananas, também produzirá hortaliças sob estufas.
É o progresso tecnológico chegando ao campo do Ceará, incentivado por grandes investimentos da iniciativa privada, que, por sua vez, espera do governo uma ajuda essencial: a assistência técnica aos pequenos produtores.