Um dos maiores eventos da cultura nordestina, a festa de São João, que se realiza ao longo do mês de junho em várias capitais e cidades da região, é hoje algo multitudinário que movimenta, também, grandes interesses comerciais.
Até a semana passada, tratava-se de um acontecimento popular circunscrito à geografia do Nordeste brasileiro, mas de larga repercussão nacional.
Agora, porém, ele ganha o mundo graças à ideia da Prefeitura da cidade de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, que acertou com a Embaixada da França no Brasil a sua divulgação em todo o território francês, coincidindo com as vésperas da realização dos Jogos Olímpicos de Paris entre 26 de julho e 11 de agosto deste ano.
Promovida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), a Olimpíada de Verão é o maior espetáculo da Terra. Para que se tenha uma ideia de sua dimensão, basta dizer que, para a edição deste 2024, já estão credenciados 25 mil jornalistas do mundo todo, número bem maior do que os 15 mil atletas de mais de 200 países que participarão das competições.
Outra informação a respeito do que é esse superlativo e planetário acontecimento: todos os hotéis de Paris estão com reservas esgotadas. Tanto é assim que a Prefeitura da capital francesa está executando uma espécie de Plano B, mobilizando a população parisiense para que receba turistas em suas residências.
Voltemos à festa de São João:
“Com a colaboração da França, vamos internacionalizar a festa junina de Maracanaú,”, disse à coluna, com o entusiasmo de sempre, o prefeito Roberto Pessoa. Ele pretende transformar o mês de junho deste e dos próximos anos numa espécie de olimpíada anual das boas tradições nordestinas, “começando pela música, seguindo pela dança de quadrilha, invadindo a culinária e consolidando até a moda típica dessa época”, como explicou Riberto Pessoa.
O embaixador francês Emmanuel Lenain, que recebeu o prefeito de Maracanaú em seu gabinete de trabalho na Embaixada de seu país em Brasília, foi convidado por Roberto Pessoa a visitar a cidade e participar da festa. Ele aceitou o convite e prometeu estar presente no arraial junino maracanauense, que neste ano será realizado de 31 de maio a 23 de junho, tendo como atração alguns dos maiores nomes da música regional do Nordeste, além do concurso de quadrilhas.
Do ponto de vista empresarial, a Festa de São João – não só em Maracanaú, mas em Caruaru e Petrolina (PE), Campina Grande (PB) e Aracaju (SE) – transformou-se no maior evento turístico dessas cidades.
Grandes grupos empresariais fazem questão de unir sua marca à marca dessas festas, e isto acontece também aqui no Ceará. As empresas tiram proveito não só da presença de multidões nos shows artísticos e nos concursos de quadrilhas, mas da ampla divulgação que as festas ganham da grande mídia – neste particular, o Sistema Verdes Mares concede especial cobertura aos eventos juninos que se registram no Ceará e no Nordeste, os quais têm, igualmente, toda a atenção da Rede Globo de Televisão.
Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apurou que, durante o mês de junho e por causa desse evento, as vendas do varejo nas cidades nordestinas que promovem gigantescas festas de São João crescem de maneira substancial, “e isto é verdade também em Maracanaú”, como atesta o prefeito Roberto Pessoa.
INCOMPETÊNCIA PODE FECHAR O CASTELÃO
Está na mídia: a Conmebol quer interditar o estádio Castelão para jogos da Copa Sul-Americana. Motivo: o estado sofrível do seu gramado.
Bastou o poderoso Boca Junior levar de 4 do Fortaleza para surgir a primeira dificuldade que terá o tricolor do Pici para ser o primeiro de sua chave e passar direto para a outra fase da competição.
Mas, convenhamos: o campo de jogo do Castelão está ruim não só pela incompetência de quem, recentemente, recebeu a tarefa de trocar todo o seu gramado – um trabalho visivelmente de duvidosa qualidade – mas também pelo seu uso exagerado, com o acúmulo de jogos do Campeonato Cearense, Copa do Brasil, Nordestão, Sul-Americana e Brasileirão.
Para agravar o cenário: o cantor Wesley Safadão está anunciando que fará um show no interior do Castelão, ou seja, na área do gramado.
Se isto acontecer mesmo, a Conmebol terá 100% de razão para proibir jogos do Fortaleza pela Sul-Americana.
Se a administração do estádio deseja faturar com a realização de espetáculos artísticos, deve providenciar, então, a troca da gramada natural pela grama sintética, como fez o Palmeiras com seu Allianz Park, em São Paulo.