Para Banco Central, arcabouço fiscal afasta o medo de inflação alta

Roberto Campos elogiou a nova matriz fiscal do governo, aprovada pela Câmara e em discussão no Senado. E disse que os juros futuros já caíram 2%.

Ontem, foi um dia muito bom para o mercado financeiro. Anotem aí: a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou em alta de 1,15%, retomando os 110 mil pontos, mais precisamente 110.054 pontos. O dólar subiu bem, encerrando o dia cotado acima dos R$ 5, exatamente a R$ 5,03. 

E, para completar, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, falando à Globo News, elogiou de novo o arcabouço fiscal e disse que os juros de mais longo prazo, os chamados juros futuros, já caíram mais de 2%, o que alegrou o mercado e o governo, que passam a admitir uma queda da taxa Selic na próxima reunião do Copom, nos dias 20 e 21 do próximo mês de junho. 

Campos Neto disse, textualmente, o seguinte na entrevista: “Na parte de expectativa, o arcabouço tem um grande poder de influenciar a expectativa da inflação futura, porque existia um medo de que a inflação podia simplesmente sair do controle. E o que o arcabouço deixa muito claro é que esse medo não existe mais”. 

O presidente do Banco Central disse que a ideia de elevação da meta de inflação, como sugeriu o presidente Lula, não deve prosperar neste momento, por se tratar de um período de muita incerteza. 

Roberto Campos mandou um recado direto para o mercado financeiro e, principalmente, para o governo: ele cumprirá integralmente o seu mandato. Ou seja, ele ficará na presidência do Banco Central até o fim de 2024. “O que eu sempre disse é que não estava disposto à recondução”, acrescentou ele na mesma entrevista.

Ontem, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falando na Fiesp, disse que o atual modelo tributário brasileiro é o grande vilão, o grande culpado pelas baixas taxas de crescimento do país. Haddad disse ainda que o Congresso Nacional está convencido de que é necessário mudar esse modelo por um mais moderno, para o que o Parlamento está maduro, ao mesmo tempo em que a sociedade está ansiosa pela Reforma Tributária.

No mesmo evento na Fiesp, que celebrou o Dia da Indústria, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, declarou que a aprovação da Reforma Tributária é uma obrigação cívica. E adiantou que essa reforma mudará para melhor o cenário do país.

E o presidente Lula, presente ao evento da Fiesp, retomou suas pesadas críticas ao Banco Central, ao seu presidente Roberto Campos Neto e à sua política de juros altos. Lula disse que a atual taxa de juros Selic, que está desde agosto do ano passado no patamar de 13,75%, é uma excrescência, e acrescentou que “o país não merece isso”.

Durante o pregão de ontem da Bolsa B3, os comentários variaram desde a possibilidade de acordo do governo e da oposição sobre o teto da dívida dos Estados Unidos até o baixo crescimento econômico da China, onde se fala de uma retomada de casos da Covid-19.