Uma parte do PIB cearense lotou o espaço do Portofino, um dos espaços de grandes eventos do Hotel Gran Marquise, na Avenida Beira Mar – para ouvir, quinta-feira, 20, à noite, Marcos Gurgel, um especialista na matéria, que contou o “case” de sucesso do iFood, uma empresa brasileira de tecnologia que descobriu o filão do negócio de entrega de refeições usando todos os recursos da internet. Fê-lo a convite do Lide Ceará, cuja presidente, Emília Buarque, considerou-o genial.
Estiveram lá, entre outros, Deusmar Queiroz, fundador e hoje conselheiro de luxo do Grupo Pague Menos; Fernando Rodrigues, fundador e hoje conselheiro da Makro, uma das maiores empresas do país na locação de máquinas e equipamentos, tendo a Petrobras e a Vale como duas de suas dezenas de clientes; Carlos Prado, fundador da Itaueira Agropecuária e da Ceará Máquinas Agrícolas (Cemag) e vice-presidente da Fiec; Lauro Fiúza Júnior, fundador e conselheiro da Servtec; Severino Ramalho Neto, acionista majoritário e consultor da rede Mercadinhos São Luiz, cuja presidente do Conselho de Administração, sua filha Joana, também estava presente; e Antônio Lúcio Carneiro, sócio majoritário e CEO da Resibras, produtora e exportadora de castanha e óleo de caju.
Marcos Gurgel não decepcionou. Economista, mestre em engenharia de produção com foco na Inovação Tecnológica, ele começou advertindo, com outras palavras, os empresários que o ouviam: ou a empresa inova, ou ela terá chance zero de sucesso.
“Inovar é uma forma de crescer”, disse ele. E arrematou, com os olhos fixos na plateia: “Se sua empresa não buscar a inovação, ela quebrará antes do que você possa imaginar”.
Ele respirou e sentenciou:
“Fracassam os que se erguem contra a inovação. Ainda bem que eles são poucos”.
Vestido despojadamente – calça jeans e t-shirt de cor preta e calçando um tênis surrado, o que rejuvenesceu ainda mais o seu rosto juvenil – Gurgel surpreendeu as cerca de 80 pessoas – a maioria empresários e executivos, que o escutavam em silêncio tumular, ao revelar que o iFood recebe 100 milhões de pedidos por mês.
(Deve ser dito que o iFood é líder do mercado de delivery na América Latina, embora sua área de atuação seja, apenas, a geografia brasileira. Trata-se, mesmo, de um caso de sucesso).
Marcos Gurgel disse que o iFood tem certeza de que o uso de drones melhorará e tornará mais rápido e eficiente o seu serviço, ampliando sua área de cobertura. Neste momento, Deusmar Queiroz, muito bem-informado sobre o iFood, abriu a fase de comentários e perguntas, transmitindo a seguinte notícia aos presentes:
“Quinze por cento das vendas da Pague Menos são entregues em domicílio, e isto é revelador de que, embora paulatina, a tendência do nosso negócio e do nosso mercado é o delivery. O iFood tem mais de 200 mil motoqueiros fazendo entregas em domicílio.”
Joana Ramalho, por sua vez, levantou a mão e interveio para informar que, nos 25 supermercados de sua rede Mercadinhos São Luiz, há, hoje, mais de 10 restaurantes, facilitando a vida de quem trabalha e come fora de casa e tem fazer compras no supermercado.
Esta coluna quis saber de Marcos Gurgel como o iFood encara o elevado número de acidentes que envolvem, diária e diretamente, os seus motoqueiros entregadores de refeições. “Não seria melhor usar drones?”
Gurgel respondeu com uma informação reveladora da paquidérmica tradição política brasileira. Por enquanto, não há legislação, ele disse. O Congresso Nacional ainda não se deu conta de que há centenas de milhares de homens e mulheres que, no Brasil, trabalham na entrega de refeições e de outras mercadorias sem qualquer proteção legal. Neste ponto, a China está 10 anos à frente do Brasil.
Depois da receber fortes aplausos pela sua bem ilustrada palestra, Marcos Gurgel foi cercado por pequenos e grandes empresários dos variados setores da atividade econômica, inclusive da agropecuária, que quiseram saber como unir os seus interesses aos do iFood.
As duas partes combinaram que a melhor maneira de tratar do tema é por meio de uma reunião pessoal, devidamente agendada.
Houve troca de cartões de visita.