Fortscue e Casa dos Ventos aceleram para o Hub do H2V no Pecém

Projeto da empresa australiana avança, ao mesmo tempo em que o da Casa dos Ventos toma providências administrativas para seu empreendimento de produção de Hidrogênio Verde

Deve ser vista como um evento de grande importância e significação para a economia do Ceará a reunião que, na quarta-feira, 19, juntou o presidente da Fortescue Future Industries Latin America, Augustin Pichot, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e o economista Hugo Figueiredo, presidente da Companhia do Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP S/A), que administra o Porto do Pecém e a ZPE Ceará. 

Para além do que trataram ao longo da conversa de uma hora, no Palácio da Abolição, Augustin e Elmano renovaram os votos de mútua parceria. 

A Fortescue é uma gigante australiana do setor de mineração que descobriu, no Complexo do Pecém, o sítio ideal para a instalação de uma unidade industrial para a produção do Hidrogênio Verde (H2V). 

Os australianos não atravessariam o Pacífico, saindo da distante Oceania, para investir no Nordeste do Brasil – especificamente no Ceará – se não tivessem a certeza de que estão aqui o maior índice de insolação e os melhores bancos de vento necessários à geração de energia solar fotovoltaica e eólica dentro do mar e em terra firme. 

A reunião do presidente da Fortescue com o governador do Ceará, sobre ter sido um fato de alta relevância, teve um simbolismo extraordinário, pois transmitiu para as 24 empresas que celebraram Memorandos de Entendimento com o governo estadual cearense “um sinal positivo de confiança no projeto de implantação do Hub do Hidrogênio Verde do Pecém”, como disse à coluna um alto dirigente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

Coincidindo com o encontro de Augustin Pichot com Elmano de Freitas, aconteceu no mesmo dia em Hannover, na Alemanha, outro fato de igual relevo: o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, ele mesmo, pessoalmente, apresentou – na maior feira mundial de tecnologias industriais – o potencial do Brasil para a produção do Hidrogênio Verde. 

Ele falou em nome da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que o escolheu pelo seu largo conhecimento do tema.

Afinal, a Fiec é parceira do governo do Ceará e da Universidade Federal (UFC) no projeto de construção do Hub do H2V no Pecém. A entidade é, também, um ponto de apoio para todas as empresas investidoras, que dispõem – para a elaboração dos seus projetos – do Observatório da Indústria, uma plataforma de dados sem igual no país, que vem sendo consultado quase diariamente por empreendedores nacionais e estrangeiros.

Ao mesmo tempo em que a Fortescue e o governo do Ceará consolidam, de forma pública e tonitruante, a sua parceria, irradiando a certeza de que o projeto da australiana prossegue de acordo com o seu cronograma, a Casa dos Ventos – a gigante brasileira de energias renováveis, liderada pelo empresário Mário Araripe – também ratifica a sua posição de investir no projeto de produção do Hidrogênio Verde no Pecém. 

Os dois empreendimentos, em fase de elaboração de projetos de engenharia e de contratação de serviços, já têm assegurada a energia solar fotovoltaica necessária para que seja verde o hidrogênio que produzirão. 

A fase seguinte será a de obtenção do licenciamento ambiental com o qual poderão ser iniciados os trabalhos de construção de suas respectivas unidades de produção do H2V.

Ainda há no mundo muitas dúvidas sobre a viabilidade de produção do H2V em larga escala. E, também, sobre as condições em que se fará o transporte desse combustível para os países que o consumirão, a maioria dos quais localizada na Europa, onde entrará pelo Porto de Roterdã.  

O governo holandês já constrói a rede de dutos para levar o Hidrogênio Verde do seu grande porto até as áreas de consumo espalhadas pelo continente europeu.

Mas tudo isso demorará algum tempo. Prevê-se que a produção em escala do Hidrogênio no Complexo do Pecém só começará em 2030, embora previsões otimistas a antecipem para 2028 tendo em vista que os primeiros projetos usarão a energia solar fotovoltaica gerada no continente, mais especificamente em áreas do semiárido cearense. 

Então, aguardemos os próximos eventos que dependerão do ambiente político interno do Brasil. Neste momento, por exemplo, não ainda há um marco regulatório para a geração de energia eólica offshore, e este não é um problema de somenos.